Em 2023, falamos muito sobre repensarmos o atendimento e segurança do paciente, o colocando como centro dos cuidados e proporcionando uma experiência personalizada e única, além de, claro, reconhecermos a importância do envolvimento ativo do mesmo em seu próprio cuidado. Além disso, a fim de entregar esse atendimento diferenciado, a IA e os padrões de interoperabilidade em sistemas de saúde também foram uma tendência destacada.
Leia também – Embalagens das vacinas: o que há de mais inovador nessa indústria? A capacidade de diferentes sistemas de saúde compartilharem dados de forma eficiente e segura vem contribuindo significativamente para a segurança do paciente, garantindo uma comunicação integrada e uma compreensão holística da história clínica de um paciente. Isso inclui a detecção precoce de eventos adversos, o gerenciamento eficaz de informações clínicas e a comunicação mais eficiente entre os profissionais de saúde. Também enfatizamos a importância de criar uma cultura organizacional que priorize a segurança do paciente, incluindo a promoção de uma cultura aberta à comunicação, onde os profissionais de saúde se sintam à vontade para relatar eventos adversos sem medo de retaliação. Para 2024, acredito que essas discussões seguirão em alta, entretanto teremos um olhar ainda mais amplo, tratando com mais atenção temas como saúde mental dos profissionais da saúde, garantia de um atendimento que abrace a diversidade e inclusão, proporcionando um acolhimento mais humanizado e, claro, capacitação profissional a fim de diminuir gargalos no setor e promover um ambiente mais seguro tanto para o paciente, como para a equipe. Abaixo dou mais detalhes desses temas. Saúde mental dos profissionais da saúde
Uma equipe que sente que seu ambiente de trabalho é psicologicamente seguro está mais disposta a se envolver em comportamentos interpessoais de risco que contribuem para uma maior inovação organizacional, como falar abertamente, fazer perguntas, compartilhar experiências e discordar de pensamentos. Isso produz uma cultura organizacional mais robusta, dinâmica, inovadora e inclusiva.
Por isso, reconhecer e abordar as disparidades em saúde mental é uma parte importante da inclusão no sistema de saúde. Isso pode envolver não só a criação de ambientes de trabalho que apoiem a saúde mental dos profissionais de saúde, como também, inovações tecnológicas que “desafoguem” esses profissionais, otimizando suas rotinas e proporcionando um ambiente mais saudável. Diversidade, inclusão e acolhimento humanizadoA promoção da diversidade e inclusão no sistema de saúde tem se tornado uma prioridade em todo o mundo. Reconhecer e abordar as disparidades em saúde, tanto entre pacientes quanto entre profissionais de saúde, é essencial para garantir um sistema equitativo e eficaz.
Assim, acredito que a capacidade de profissionais de saúde entenderem e responderem de maneira sensível às diversas necessidades culturais e sociais dos pacientes é crucial. A formação em competência cultural pode ajudar a melhorar a comunicação, o entendimento e a qualidade dos cuidados prestados. Para isso, é necessário investir cada vez mais em treinamento em competência cultural e sensibilidade de gênero para compreender as necessidades específicas das pessoas trans, por exemplo. Isso inclui o respeito aos pronomes escolhidos, compreensão das questões de saúde mental e física associadas à identidade de gênero, e conhecimento sobre os cuidados de transição. Pequenas ações são capazes de criar um ambiente muito mais humano e acolhedor, tornando a saúde mais democrática e acessível a todos. Capacitação profissionalComo disse anteriormente, um treinamento para profissionais da saúde abraçar a diversidade, tornando o nosso ambiente mais inclusivo e humanizado, se mostra cada vez mais essencial.
Outro ponto relevante é o constante crescimento da implementação de soluções de IA na saúde. Diante deste cenário, o treinamento em IA para equipes de saúde deve ser holístico, cobrindo não apenas os aspectos técnicos, mas também éticos, práticos e de comunicação, permitindo assim uma integração mais eficaz da tecnologia na prática clínica. Acredito que essas são apenas algumas das principais tendências para 2024. Lembrando que, mesmo diante de tantas novidades, colocar o paciente no centro do atendimento deve continuar sendo um princípio fundamental para garantir a qualidade dos cuidados de saúde e reduzir riscos de eventos adversos. Isso envolve uma abordagem centrada no paciente em todos os aspectos do sistema de saúde, desde a prestação de cuidados até a construção de políticas e processos.*Maria Carolina Moreno é diretora de Qualidade e Assistência do Cura grupo
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