Os mitos do uso indiscriminado do Ozempic para a perda de peso

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Saúde Debate
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(Foto: jcomp / Freepik)

As “dietas milagrosas”, a exemplo da lua, e o uso de medicações, sem prescrição médica, com a finalidade de emagrecer exigem atenção redobrada para não provocar danos ao organismo e a saúde de forma geral. Recentemente, uma onda tomou conta das redes sociais e parte da internet, usuários elegeram o remédio Ozempic como fármaco eficaz para a perda de peso rápida. Alguns mitos em relação a esse tema precisam ser desconstruídos.

No Brasil, o remédio, que contém o princípio ativo semaglutida, era liberado apenas para o tratamento de diabetes, agora, como nos EUA e em outros países, também é usado para o tratamento da obesidade. Provavelmente, os usuários das redes sociais por aqui foram “inspirados” pelo que já ocorre nesses locais e incluíram o Ozempic como uma das “fórmulas mágicas” para a perda de peso sem esforço, mas essa informação deve ser revista.

O Ozempic é indicado, em conjunto com dieta e exercícios, para tratar pacientes adultos com diabetes tipo 2, não controlada, ou seja, em que o nível de açúcar no sangue permanece muito alto e pode desencadear outros efeitos colaterais, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), cegueira, problemas cardíacos, doenças renais crônicas, perda de audição e amputação de parte dos membros.

O tratamento da diabetes com o Ozempic requer uma avaliação médica e a realização de exames para garantir sua eficácia no tratamento da doença e se não há contraindicação.  Entre os efeitos adversos do uso do remédio estão: náusea, vômito, diarreia, entre outros problemas gastrointestinais. Poderá ocorrer o risco do aumento da incidência de pancreatite, mas com menos frequência. Em contrapartida, quando é indicado para um paciente com diabetes terá o apelo do uso para cardioproteção e controles da obesidade e glicêmico.

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Um paciente com diabetes que tem um estilo de vida saudável, com a adoção de uma dieta  regular e que faz atividades físicas, consequentemente, perderá peso, mas o Ozempic sozinho não impulsionará essa mudança. À parte a diabetes, a obesidade é uma doença crônica que requer tratamento médico. A pessoa, que sofre desse mal, precisa de ajuda médica para construir um plano alimentar e se esforçar para sair do sedentarismo.

Sobre o uso de remédios para tratar a obesidade, eles são indicados para o paciente que mudou o estilo de vida, ou seja, alimenta-se de forma adequada e pratica atividade física, mas não perde peso. Nesse caso, é preciso avaliar a prescrição do medicamento que atua em diferentes áreas do organismo, tanto na absorção de gorduras, quanto no sistema nervoso central para inibir a fome e a sensação de saciedade. Caso o tratamento medicamentoso e a mudança do estilo de vida não surtam efeito pode ser indicado a cirurgia bariátrica, mas o médico avaliará cada paciente e indicará a melhor técnica.

No Brasil existem muitas farmácias, aquele atendimento de balcão em que é possível comprar remédios sem receitas, não só do princípio ativo semaglutida, mas de todas as outras classes. Alguns estudos apontam que 50% de todas as medicações compradas são utilizadas de forma irregular, ou seja, diferente do que é recomendado pelo fabricante, simplesmente pelo fato das pessoas terem acesso sem receita, prescrição ou orientação profissional, o que aumenta o uso inadequado em pacientes com contraindicações. Médicos e autoridades de saúde no país estão preocupados com esse uso de forma não segura. Novamente, a perda de peso é um processo complexo que deve ter como foco a mudança do estilo de vida, acompanhada por um profissional de saúde. “Dietas e fórmulas milagrosas” não são caminhos seguros para a melhoria da saúde e do bem-estar.

Médico Eduardo Rauen, cofundador da healthtech Liti

* Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.   

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