Nos últimos dias, um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais tem gerado preocupação ao disseminar informações falsas sobre a Mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos. No vídeo, é afirmado, de forma equivocada, que a Mpox seria na verdade o herpes-zóster, alegando que essa seria uma das complicações mais frequentes da vacina contra a COVID-19. Essa afirmação é absolutamente incorreta e se baseia em uma interpretação errada dos fatos científicos.
Diferenças fundamentais entre mpox e herpes-zóster
Para entender por que essa informação é equivocada, é essencial conhecer as diferenças entre os vírus que causam essas duas doenças.
- Causas distintas:
O herpes-zóster é causado pelo vírus varicela-zóster (VZV), um dos nove tipos de vírus da família Herpesviridae. O VZV é o mesmo vírus que causa a catapora. Depois que uma pessoa contrai catapora, o vírus pode permanecer dormente no corpo e reativar-se anos mais tarde, manifestando-se como herpes-zóster, também conhecido como “cobreiro”.
Por outro lado, a Mpox é causada por um vírus completamente diferente: o orthopoxvirus, que pertence à família Poxviridae. Este é o mesmo grupo de vírus que inclui o vírus da varíola humana, erradicada em 1980. A Mpox não tem nenhuma relação com os vírus da família Herpesviridae e, portanto, não pode ser confundida com herpes-zóster do ponto de vista virológico ou clínico.
- Transmissão e sintomas:
O herpes-zóster não é uma doença contagiosa de pessoa para pessoa, mas ocorre por reativação do vírus da catapora já presente no organismo. Seus sintomas incluem erupções cutâneas dolorosas ao longo de nervos específicos, febre, dor de cabeça e mal-estar.
A Mpox, por outro lado, é transmitida por contato direto com lesões de pele, fluidos corporais, gotículas respiratórias durante interações próximas ou contato com objetos contaminados. Os sintomas incluem febre, dores musculares, dores de cabeça, inchaço dos linfonodos e erupções cutâneas que se espalham por diferentes partes do corpo. “Os sintomas da Mpox são distintos e ocorrem de maneira mais generalizada em comparação ao herpes-zóster, que tende a seguir um padrão mais localizado,” esclarece Marcela Rodrigues.
Por que a desinformação é perigosa?
A disseminação de informações falsas e enganosas, pode ter sérias consequências para a saúde pública. Quando uma desinformação se espalha rapidamente, ela pode comprometer a confiança da população em medidas de saúde pública, como a vacinação, que são fundamentais para prevenir surtos de doenças.
“Associar erroneamente o herpes-zóster, que é uma condição completamente diferente, à Mpox, e sugerir que isso seja um efeito colateral comum das vacinas contra a COVID-19 é alarmante e irresponsável,” enfatiza. “As vacinas contra a COVID-19 foram extensivamente estudadas e monitoradas em termos de segurança e eficácia. Elas não causam Mpox nem herpes-zóster.”
A importância de buscar informaçãoconfiável
Diante de tantas informações disponíveis nas redes sociais, é vital que as pessoas saibam onde buscar fontes confiáveis. O acesso à informação correta é um direito de todos, mas também é uma responsabilidade coletiva verificar a autenticidade das fontes antes de compartilhar qualquer conteúdo.
“Ao procurar informações sobre doenças e vacinas, é crucial consultar fontes oficiais e confiáveis, como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e instituições de saúde reconhecidas,” explica Marcela. “Além disso, é importante que profissionais de saúde sejam envolvidos na orientação da população, esclarecendo dúvidas e corrigindo informações falsas.”
O papel crucial das vacinas na prevenção de doenças
As vacinas são uma das ferramentas mais importantes da medicina moderna, salvando milhões de vidas todos os anos. A vacinação contra a COVID-19, por exemplo, tem sido fundamental para reduzir as hospitalizações e óbitos associados ao vírus. A vacina contra a varíola, que oferece proteção cruzada contra a Mpox, também tem um papel importante em situações de surto.
“É importante lembrar que, apesar de raros, efeitos colaterais leves podem ocorrer com qualquer vacina, mas os benefícios da imunização superam em muito os riscos potenciais. A vacinação é segura, eficaz e essencial para proteger não apenas o indivíduo vacinado, mas também toda a comunidade,” reforça Marcela Rodrigues.
Combater a desinformação para proteger a saúde pública
A desinformação sobre saúde não é um fenômeno novo, mas ganhou proporções alarmantes com a facilidade de compartilhamento nas redes sociais. O combate à desinformação requer uma abordagem coordenada, que inclui educação, comunicação clara e transparente e envolvimento de líderes comunitários e profissionais de saúde.
“Na Salus Imunizações, nosso compromisso é fornecer informações corretas e baseadas na ciência, promovendo a confiança na vacinação e na saúde pública. Encorajamos todos a verificar a origem e a veracidade das informações antes de compartilhá-las,” conclui Marcela. “Vacinas salvam vidas, e a confiança nelas é essencial para manter nossa sociedade segura e saudável.”
Conclusão
A Mpox e o herpes-zóster são doenças diferentes, causadas por vírus distintos, e não devem ser confundidas. Informações falsas podem gerar medo desnecessário e prejudicar os esforços de vacinação e prevenção de doenças. É essencial que a população busque informações em fontes confiáveis e que todos assumam a responsabilidade de não compartilhar desinformação.
Na Salus Imunizações, estamos comprometidos em educar e apoiar a comunidade na busca por informações precisas e na promoção de práticas de saúde seguras.
*Marcela Rodrigues é diretora da Salus Imunizações
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