As empresas do mercado de saúde auditiva estão investindo pesado em tecnologia no desenvolvimento dos aparelhos auditivos. A aposta para dar um salto ainda maior no funcionamento dos dispositivos e na oferta de novos recursos é a inteligência artificial, que já aparece em alguns modelos. A tendência é que o uso de novas modalidades de inteligência artificial traga uma verdadeira revolução na indústria de soluções auditivas ao longo dos próximos anos.
Os modelos atuais oferecem atualmente uma série de funcionalidades, como conexão direta com o smartphone ou televisão via bluetooth, transformando os equipamentos em fones de ouvido, aplicativos que funcionam como um controle remoto para personalização da experiência sonora e a customização dos dispositivos através de impressoras 3D, que produzem dispositivos que se acoplam perfeitamente ao conduto auditivo do usuário. Além disso, o avanço da tecnologia torna os aparelhos cada vez menores, mais discretos e multifuncionais.
A alta demanda pelos aparelhos auditivos justifica a busca por dispositivos cada vez mais modernos e tecnológicos. Isso porque o número de pessoas com perda auditiva avança de forma acelerada em todo o mundo. Segundo Relatório Mundial da Audição, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas terão algum tipo de perda auditiva em todo o mundo até 2050. Atualmente, a entidade calcula que 1,5 bilhão de pessoas tenham redução na capacidade auditiva.
A principal causa para o avanço da perda auditiva é o aumento da expectativa de vida da população. No Brasil, em 2022, a média era de 75,5 anos. Para se ter uma ideia da evolução na longevidade da população, em 1970, há pouco mais de cinco décadas, a expectativa era quase 20 anos menor e chegava a apenas 57 anos. Além disso, atualmente as pessoas têm mais possibilidades de fazer um diagnóstico hoje do que há 20 anos.
Outro fator que contribui para elevar o número de pessoas com redução na capacidade auditiva é o uso excessivo de fones de ouvido em alto volume, o que tem ampliado a incidência da perda auditiva entre os jovens. Isso porque as células auditivas, que são insubstituíveis, vibram intensamente ao receber o estímulo sonoro e o excesso dessa vibração pode diminuir o tempo de vida das células.
O aparelho auditivo foi inventado há mais de um século, mais precisamente em 1898, nos Estados Unidos. Na ocasião, o dispositivo era tão grande e pesado que precisava ficar sobre uma mesa. De lá para cá muita coisa mudou e a tecnologia dos aparelhos auditivos evolui rapidamente e agrega novas funcionalidades e características ao produto. Se há alguns anos os dispositivos era grandes e desconfortáveis, atualmente são pequenos, discretos e praticamente imperceptíveis.
A função principal do aparelho auditivo é amplificar as ondas sonoras para que uma pessoa com perda auditiva possa ouvir com clareza os sons no ambiente a seu redor. Mas, ao contrário do amplificador, que somente aumenta o volume dos sons, o aparelho auditivo amplifica apenas os sons necessários para a comunicação do usuário e reduz o ruído de fundo. A inteligência artificial já atua em situações como essa, adaptando a entrada de som de acordo com o ambiente.
Isto é, se o usuário de aparelho auditivo estiver em um local barulhento, como um restaurante, show, reunião de trabalho ou um congresso com milhares de pessoas, o aparelho auditivo diminui o ruído de fundo e realça a voz das pessoas. Ou seja, a inteligência artificial atua para amplificar somente os sons que realmente interessam para o usuário. Esse processo é feito automaticamente, de acordo com o ajuste feito exclusivamente para o paciente.
Outra tecnologia que avançou de maneira significativa é o uso de baterias internas de íon de lítio no lugar das obsoletas pilhas alcalinas, altamente poluentes. O zinco, o chumbo e o manganês são metais encontrados nas pilhas e, quando descartados de maneira incorreta, podem contaminar o solo e os lençóis freáticos, causando sérios problemas à saúde.
Diante desse cenário de intensas transformações tecnológicas em todos os setores, o mercado de saúde auditiva não fica para trás. A perspectiva a curto e médio prazo é pelo desenvolvimento de produtos ainda mais inovadores e que transformarão maneira como as pessoas com perda auditiva ouvem os sons e se comunicam com os amigos e familiares. Espera-se que o impacto na vida das pessoas seja semelhante ao ocorrido há mais de 120 anos.
*Ricardo Hammerat Ribeiro, CEO da AudioNova
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