Inteligência Artificial na Saúde Pública: desafios e práticas na radiologia

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2024-10-28 | 15:00h
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2024-10-28 | 12:42h
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(Foto: rawpixel/Freepik)

O setor da saúde no Brasil apresenta uma grande heterogeneidade, especialmente no que tange ao segmento público. Hospitais de todo país estão em diferentes níveis de maturidade digital e, com isso, a adoção de novas tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) não ocorre de maneira uniforme. No cenário atual, o Brasil almeja incorporar inovações de IA na saúde, assim como diversas instituições hospitalares nos Estados Unidos e na Holanda, que já ilustram a eficácia e aplicabilidade da IA em vários aspectos da saúde. Vemos uma mudança positiva neste cenário, ferramentas avançadas ganham espaço em serviços públicos, apesar de ainda estar mais presente em hospitais do setor privado no país.

As vantagens da IA na radiologia estão revolucionando os exames por imagem, trazendo benefícios significativos para a saúde. Ela melhora a qualidade na avaliação de imagens médicas e identifica casos que exigem mais cuidados. Ademais, facilita registros eletrônicos e aumenta a eficiência, apoiando decisões clínicas com exatidão na determinação das condições.

Na FIDI, a área de tecnologia avança com relevantes projetos no desenvolvimento de soluções em IA direcionado para o setor público. Dentro deste contexto, já está em uso uma ferramenta que permite à IA identificar até 75 tipos de alterações em exames de radiografia de tórax, auxiliando profissionais de saúde a determinar a condição do paciente. Essa ferramenta também pode indicar, por meio da imagem, os locais com maior probabilidade para se tornarem focos de doenças no paciente, o que auxilia o médico a identificar estes achados com mais precisão.

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Outro ponto crucial é que essa ferramenta visa aperfeiçoar o tempo e facilitar a rotina médica no diagnóstico do paciente, realizando a análise de exames de imagem em menos de 5 minutos. Como parte complementar, um sistema integrado foi desenvolvido, evitando que o médico lide com diferentes dispositivos, permitindo o acesso à IA diretamente de seu computador e do sistema de informação do hospital.

Todos estes benefícios impactam de maneira positiva na radiologia, proporcionando avanços significativos no diagnóstico e no tratamento de doenças, bem como beneficiando tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde.

A FIDI tem o compromisso de democratizar o acesso às tecnologias de ponta, como a inteligência artificial, na saúde pública no Brasil. Tradicionalmente, soluções de IA na saúde têm sido exclusivas de hospitais da rede privada ou disponíveis apenas no mercado internacional. Nossa missão é mudar esse cenário, trazendo essas tecnologias avançadas para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao integrar soluções de IA que aprimoram o diagnóstico e tratamento, estamos garantindo que todos os brasileiros, possam se beneficiar dos avanços tecnológicos mais recentes na área da saúde.

Desse modo, o surgimento de iniciativas de IA em hospitais brasileiros tem sido uma prática gradativa que objetiva trazer melhorias para o sistema de saúde, por meio do desenvolvimento contínuo de tecnologias e da melhoria das condições estruturais. Com um sistema desenvolto, a IA tem o potencial de transformar a saúde pública do país, tornando o atendimento mais eficiente e preciso para os pacientes.

Desafios da implementação da IA no setor público

Um dos principais pontos a analisar é a sustentabilidade financeira das iniciativas de IA. Isso evita sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS) e assegura benefícios tecnológicos efetivos para todos os pacientes. Para isso é necessário um planejamento cuidadoso a partir da adoção de estratégias específicas como: avaliação de custo-benefício, modelos de financiamento inovadores, eficiência operacional, redução de riscos, gerenciamento de recursos, interoperabilidade e treinamento contínuo de gestores e médicos. A construção desse ecossistema visa garantir que essas tecnologias sejam integradas de maneira benéfica sem exonerar o sistema de saúde.

Outro aspecto desafiador é a capacitação de especialistas qualificados, pois, a adoção de IA na saúde exige que os médicos estejam devidamente treinados para utilizar esses sistemas. Portanto, a importância de investir em programas de formação e educação especializada contínua é crucial para o completo domínio dessas inovações e sua aplicação eficaz em ambientes hospitalares. Todavia, muitos hospitais enfrentam certa resistência à mudança de profissionais de saúde que podem não aderir a essas novas tecnologias devido a uma falta de familiaridade ou confiança nas mesmas.

Ressaltamos também a importância dos aspectos éticos e regulatórios relacionados à privacidade e segurança dos dados dos pacientes. Posto isso, é essencial que as soluções de IA sejam reguladas para garantir a segurança do paciente e um diagnóstico qualificado, por este motivo é crucial que os ambientes hospitalares, sejam eles públicos ou privados, atuem em conformidade com as normas e regulamentações existentes e isso pode ser considerado um desafio contínuo, especialmente com a evolução rápida das tecnologias que precisam estar compatíveis com as normais estabelecidas.

A implementação da IA na saúde pública brasileira tem o potencial de transformar todas as áreas, além da radiologia, melhorando a precisão diagnóstica e a eficiência do atendimento ao paciente. No entanto, superar os desafios mencionados exige um esforço coordenado entre governo, instituições de saúde, profissionais e a indústria de tecnologia.

A expectativa é que possamos identificar investimentos em infraestrutura, capacitação, regulação e modelos financeiros sustentáveis para que a IA possa ser integrada de forma eficaz, ética e benéfica no sistema de saúde pública do Brasil.

*Osvaldo Landi Júnior é gerente Médico de Inovação & Dados, com formação em Medicina, pós-graduação em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e especialização em Informática em Radiologia e Diagnóstico por Imagem

Atenção! A responsabilidade do conteúdo é do autor do artigo, enviado para a equipe do Saúde Debate. O artigo não representa necessariamente a opinião do portal, que tem a missão de levar informações plurais sobre a área da saúde. 

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