A Inteligência Artificial (IA) tem transformado inúmeras indústrias, e a área da saúde não é exceção.
Desde 1950, quando data a origem da IA, vivemos uma verdadeira revolução tecnológica, passando pela criação do Machine Learning, o qual oferece aos computadores a capacidade de aprender sem programação explícita, pelo Deep Learning, que usa redes neurais profundas para analisar grandes volumes de dados de uma forma mais complexa, e, em seguida, vieram as Large Language Models (LLMs), com sua capacidade de processar e gerar conteúdo de texto. Agora, porém, o assunto do momento é a GenAI.
Subcategoria da IA, a Inteligência Artificial Generativa utiliza modelos de aprendizado profundo para criar e interpretar conteúdos e soluções com base em padrões e dados existentes.
No setor da saúde, as aplicações de GenAI estão emergindo como ferramentas revolucionárias, oferecendo novas perspectivas e capacidades que vão além das abordagens tradicionais.
Desde a descoberta de novos medicamentos até a personalização do atendimento, a GenAI está moldando o futuro da saúde de maneira significativa.
Dados da Fortune Business Insights revelam que o mercado global de Inteligência Artificial (IA) em saúde foi avaliado em US$ 19,54 bilhões em 2023, com projeção de crescimento de US$ 27,69 bilhões em 2024 para US$ 490,96 bilhões até 2032. E por aqui, esse cenário não é diferente.
O Brasil é um dos maiores mercados de saúde da América Latina, com as despesas relacionadas à saúde representando 9,7% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do IBGE.
Dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) apontam a existência de cerca de 6,7 mil hospitais no Brasil e mais de 533 mil leitos, entre públicos e privados, no país, além da atuação de mais de 575 mil médicos, segundo o Conselho Federal de Medicina.
Considerando essas proporções, o mercado de Inteligência Artificial (IA) na área da saúde no Brasil está projetado para chegar a US$ 3,60 bilhões até 2030, segundo análises realizadas pela consultoria Insights10.
Outros estudos internacionais estimam ainda que a GenAI possa gerar ganhos de US$ 2,6 a US$ 4,4 trilhões por ano em termos de produtividade, sendo 75% desse valor concentrado, sobretudo, nas áreas de engenharia de software, operações de clientes, produtos e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), vendas e marketing.
A previsão é que metade do trabalho atual seja automatizado entre 2030 e 2060.
Diante desse cenário, ousamos dizer que muito em breve será considerada má prática não usufruir da série de vantagens que as soluções baseadas em GenAI proporcionam, incluindo a melhoria da eficiência, a redução de erros e a facilitação do acesso às informações.
Para além do seu uso em operações automatizadas, ainda é possível utilizá-la em uma ampla gama de processos, tal qual a prevenção de fraudes por meio do monitoramento e rastreabilidade de próteses, que envolvem um alto custo.
Também citamos como exemplos o uso da GenAI na melhoria da assistência, por meio não só da medicina preventiva, realizada via análise do histórico médico, genética e estilo de vida dos pacientes, como para o diagnóstico precoce de doenças, agilizando a tomada de decisões e eventuais necessidades de intervenções e proporcionando maior acolhimento e aumento na qualidade de assistência.
Porém, como qualquer tecnologia, é crucial também que as soluções baseadas em GenAI sejam implementadas com rigoroso controle de qualidade e governança, garantindo que os benefícios sejam maximamente aproveitados sem comprometer a segurança e o bem-estar das pessoas.
É preciso atentar-se a alguns aspectos, como possíveis respostas viciadas ou tendenciosas, resultados falsos, gerenciamento e governança dos dados, garantia de consentimento e privacidade dos pacientes, confiança excessiva na IA, aspectos éticos e desafios relacionados à regulação e legislações vigentes.
Por isso, é recomendado investir em soluções robustas e seguras, que possuam uma abordagem cuidadosa e inovadora.
Afinal, quando propriamente implementada, a IA pode transformar negócios e, o mais importante: a vida das pessoas. E já existem diversos cases de sucesso que exemplificam isso.
Uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, por exemplo, utilizou as soluções de IA e obteve resultados importantes, como maior satisfação do cliente mediante aplicativos legados e modernizados, crescimento dos negócios através da aquisição de mais 5 empresas, resolução de problemas operacionais sem impactos significativos e transferência rápida de conhecimento com uma transição operativa suave e livre de incidentes.
Outro exemplo de case de sucesso é o de uma rede de serviços de assistência médica na Argentina, que conquistou a liderança de clientes assegurada, incluindo a implementação de ferramentas de IA, que reduziu custos de processos de negócios por meio de desenvolvimentos inovadores e automação, atingindo uma redução de 70% no número de incidentes.
A IA, e todas as suas vertentes, são ferramentas-chave para elevar o nível de boas práticas no cotidiano das empresas e dos profissionais da área da saúde. Para isso, só precisam ser bem implementadas, com uma supervisão recorrente de seu funcionamento, e usadas com responsabilidade e ética, em prol do benefício e bem-estar dos pacientes.
*Diego Pereyra e Nancy Mitiko Abe, respectivamente, médico do maior hospital de Buenos Aires, especialista em inovações tecnológicas em saúde e Diretor Médico para healthcare da Softtek e ex-CIO do GNDI e atualmente Advisory de TI para o setor de healthcare da Softtek, multinacional mexicana líder no setor de TI na América Latina
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