IA nos hospitais: Da teoria à realidade

IA
(Foto: DC Studio/Freepik)

A inteligência artificial marcou uma era de revolução em todos os segmentos do mercado. O que antes era apenas uma realidade distante – ou uma possibilidade – de implementação, passou a ser uma questão de sobrevivência e garantia da eficiência para hospitais e instituições de saúde. A IA está provocando mudanças significativas no setor, que vão desde a redução da burocracia até a melhoria da qualidade do atendimento aos pacientes.

O mercado global da ferramenta, quando aplicada à saúde, foi avaliado em US$ 15 bilhões em 2022 e deve ultrapassar US$ 200 bilhões até 2030, segundo estimativas da consultoria Grand View Research. Esse crescimento expressivo reflete o interesse e a demanda por soluções que possam otimizar os processos e os resultados de um sistema conhecido pela complexidade.

Uma das principais vantagens da IA nesse contexto é a capacidade de automatizar tarefas repetitivas e demoradas, que consomem tempo e recursos dos profissionais de saúde. Um exemplo é o registro dos atendimentos em prontuários médicos, que pode ser feito por meio de um assistente de voz que grava e transforma em texto a interação entre médico e paciente. Isso permite que ele se concentre mais na consulta e no diagnóstico, sem ter que interromper o atendimento para realizar anotações. Pode parecer algo sútil, mas que faz toda a diferença e o mercado tem notado isso.

Uma prova é que, de acordo com um mapeamento feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), 62,5% das instituições utilizam o recurso de alguma forma, seja em chatbots de atendimento, em segurança da informação, apoio à decisão clínica ou na análise de imagens médicas.

Dos 45 hospitais participantes do estudo, mais da metade relatou que investiu em IA com o objetivo de conseguir melhorias e também resoluções de problemas. Além disso, 51% afirmam que com a utilização obtiveram resultados práticos e, mesmo que sejam majoritariamente relacionados a benefícios individuais, eles podem se expandir e refletir efeitos positivos na estrutura de saúde inteira.

A IA desempenha um papel crucial na gestão de hospitais e leitos, otimizando recursos e melhorando o fluxo de pacientes. Com a análise de dados em tempo real, a tecnologia é capaz de prever a demanda por internações, identificar leitos disponíveis e priorizar atendimentos de acordo com a gravidade dos casos. Assim, equipes hospitalares tomam decisões mais ágeis e assertivas, reduzindo o tempo de espera e evitando a superlotação.

Essas ferramentas também possibilitam o monitoramento do estado clínico dos pacientes internados, identificando precocemente sinais de deterioração e garantindo uma intervenção rápida, o que contribui para a segurança e a qualidade do cuidado. Dados divulgados na pesquisa TIC Saúde 2024, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apontaram que o uso da IA já é maior nas unidades com internação com mais de 50 leitos – 16% delas aderiram à tecnologia, sendo que, em 2023, o percentual era de apenas 5%.

É importante dizer que, para que a IA na saúde possa atingir todo o potencial, é preciso superar alguns desafios. Um deles é a garantia da privacidade e segurança dos dados dos pacientes, que devem ser ainda mais protegidos por leis e normas específicas. De qualquer maneira, aplicar essas funcionalidades na área representa uma evolução que complementa e aprimora as práticas dos profissionais, potencializando a capacidade de oferecer diagnósticos precisos e tratamentos eficazes.

Aqui, as vantagens da aplicação não se limitam apenas à medicina; consagram uma transformação mais ampla em múltiplos setores do cotidiano, potencializando uma melhoria na qualidade de vida das pessoas, em todos os aspectos.

*Cintia Baulé é médica, especialista em Medicina da Família e Comunidade e Informática Médica. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), direcionou a tese de mestrado para a temática de tecnologia em saúde. Neste mesmo sentido, também realizou um programa no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), voltado para aplicações de inteligência artificial (IA) e machine learning (ML) no setor

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