As healthtechs são startups que unem tecnologia e saúde para criar soluções para as principais demandas do setor. O segmento é uma das vertentes mais promissoras ao redor do mundo, e a expectativa é de que o mercado alcance o tamanho de U$ 504 bilhões em 2025, segundo o Global Market Insights. No Brasil, a área está em expansão, oferecendo grandes oportunidades de crescimento para empresas que investem no setor. No entanto, é essencial que essas startups invistam em estruturação, especialmente em compliance, ao atuar com saúde privada. Os fundadores desse tipo de startup precisam se atentar a algumas adequações, para tracionar seu produto e ganhar escala no mercado.
1- Proteger dados do paciente
Documentos como prontuários do paciente, prescrições e exames precisam conter camadas extras de proteção, frente a riscos de vazamento de informações ou quebra de sigilo. Não são incomuns, no Brasil e no mundo, exemplos de vazamento de exames de imagem, prontuários, carteiras de vacinação ou imagens de pacientes. Portanto, estabelecer uma área dedicada a proteger esses dados é essencial para qualquer healthtech, que deve contratar profissionais especializados e assegurar que eles compreendam a sensibilidade dos dados em saúde e os regulamentos específicos sobre informações médicas. Isso ajuda a prevenir vazamentos e a garantir a privacidade dos pacientes, além de fortalecer a confiança dos clientes na startup.
2- Investir em ferramentas e tecnologias de segurança
É indispensável utilizar tecnologias avançadas para aumentar a proteção das informações dos pacientes. Implementar criptografia, autenticação de dois fatores, blockchain e biometria são algumas das melhores práticas. Essas ferramentas garantem que apenas indivíduos autorizados tenham acesso aos dados, elevando significativamente o nível de confiabilidade dos sistemas médicos.
3- Manter documentações e processos bem-definidos
Desenvolver um padrão de processos operacionais é fundamental para garantir a conformidade e a eficiência. Documentar todas as atividades e procedimentos assegura que cada etapa esteja clara e acessível a todos os colaboradores. Processos bem-definidos, que contemplam todas as principais situações, ajudam a manter a consistência nas ações e a reduzir o risco de não conformidade e desvio de padrão.
4- Realizar testes e validações rotineiras
Realizar testes e validações regulares assegura que os processos estejam funcionando corretamente. Essas avaliações permitem identificar vulnerabilidades e corrigi-las antes que se tornem problemas maiores. A prática constante de testes ajuda a manter a integridade e a segurança dos dados e sistemas, proporcionando maior confiabilidade às operações da healthtech.
5- Treinamento de colaboradores
Educar e treinar colaboradores sobre as normas, regras e atividades da empresa é essencial para criar uma cultura de observância. Promover sessões de treinamento regulares garante que todos entendam a importância do compliance e as consequências das inconformidades. Funcionários capacitados conseguem seguir procedimentos corretamente e contribuir com a manutenção da conformidade e da segurança na startup.
Vale ressaltar que não apenas as startups, mas também empresas mais consolidadas podem ser imaturas em relação ao compliance, muitas vezes se preocupando com as normas e regras da companhia apenas em momentos de auditoria ou captação de investimentos. Esse é um comportamento comum no mercado brasileiro, que necessita de regras mais claras e instrumentos que impulsionem a inovação sem burocratizar o setor. É extremamente importante que a startup tenha as regras e normas como algo natural e cultural dentro da empresa, para que não perca oportunidades devido à inadequação de alguma informação ou desvios em relação ao que é considerado correto.
*Rafael Kenji Hamada é CEO da Health Angels Venture Builder, um fundo de investimento no formato de venture builder que investe em startups de odontologia e saúde pública. E-mail healthangels@nbpress.com.br
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