Atualmente, vivemos momentos de tensão e desgaste. Frente a isso, os novos tempos também transbordam um excesso de informações que bombardeia o cérebro e, consequentemente, dificulta o digerir de emoções. Terreno fértil e propício para o desenvolvimento da chamada Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Como o próprio nome já diz, é a aceleração do pensamento aumentando a ansiedade e o desgaste da saúde física e mental.
Infelizmente existe ainda uma falsa correlação do pensamento acelerado com a inteligência. Mas a grande verdade é que a pessoa que sofre com essa síndrome tende a sofrer com a saturação do córtex cerebral – que em resposta produz uma mente agitada e hiperativa. Alguns estudos, inclusive, demonstram que a ativação de decisões mais espontâneas, baseadas em intuições que favoreçam o chamado “pensamento lento”, auxilia no processo de desaceleração e promovem a capacidade do indivíduo de viver motivado por um melhor gerenciamento de suas emoções e sentimentos. Ou seja, ações rápidas, instintivas e emocionais também são válidas e muito bem-vindas.
A Síndrome do Pensamento Acelerado caracteriza-se por vários sintomas. Entre eles destacamos o pensamento acelerado, a fadiga excessiva, dificuldades em contemplar detalhes e pequenos estímulos da vida rotineira, flutuação do humor, dificuldades para se concentrar, aparecimento de pequenos lapsos de memória de forma frequente, insônias, irritabilidade e elevação da ansiedade. Por não conseguir desligar a mente e apresentar dificuldade em desacelerar o pensamento, a pessoa frequentemente sofre por antecipação.
Outra caraterística básica da SPA é o cansaço físico exagerado e inexplicável. Isso porque os portadores dessa síndrome, ao pensarem demais, tendem a roubar energia do córtex cerebral, que é a camada mais evoluída do cérebro, uma energia que deveria ser utilizada nos órgãos do corpo. Mas como isso não acontece, o organismo responde com a fadiga em excesso.
É comum relatos de cefaleias intensas e dores musculares constantes associadas à Síndrome do Pensamento Acelerado. Além disso, os portadores desse problema também demonstram um tipo de comportamento em que perdem o prazer com muita facilidade. Podem lutar muito para conquistarem algo, mas ao conseguir demonstram desânimo e falta de motivação. Ou seja, para alimentar sua satisfação estão sempre em busca de novos estímulos e são verdadeiros inimigos da rotina.
Portanto, desacelerar o pensamento é extremamente benéfico para promover a melhoria da saúde mental e favorecer o controle emocional. Em muitos casos, essa desaceleração facilita a diminuição de psicoses e reduzem os níveis de paranoias em pacientes que desenvolvem tais sintomas. O tratamento para a síndrome passa por sessões de terapias com profissional adequado, além da adaptação de novos hábitos no estilo de vida. Importante incluir pausas ao longo do dia, fazer exercícios físicos e realizar atividades que lhe tragam prazer e não exijam tanto do cérebro.
Enfim, apesar da aceleração da vida, não podemos acelerar a mente de forma nociva a ponto de comprometer a saúde mental. Praticar um detox emocional e reduzir a exposição da mente às redes sociais é um ótimo exercício a se praticar para evitar o comprometimento do organismo. Além disso, falar e expor sentimentos – externando as emoções – também auxilia, e muito, na redução dos efeitos da SPA. Em tempos onde a tecnologia domina a vida do indivíduo, deve-se humanizar as relações e torna-las mais resistentes para que a mente não fique aprisionada. Valorizar os detalhes e desacelerar a vida também ajuda a reduzir o estresse e controlar a emissão de pensamentos tendenciosos. Além disso, pensar devagar e de forma mais cautelosa contribui no domínio da arte de tomada de decisões.
Afinal, reservar um tempo para desacelerar o pensamento cientificamente traz ganhos e benefícios importantes para a saúde do corpo e da mente. Fica claro que, através de novas atitudes e novos hábitos, o portador da síndrome pode, com maior facilidade, reconhecer suas emoções, auxiliando a melhoria na qualidade de vida e expurgando o sentimento de vazio existencial, característico de quem sofre do problema.
(Foto: Pedro Costa)
* Andréa Ladislau é Doutora em Psicanálise, Membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de numero 15 de Ciências Sociais, Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde, Pós-Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social e Professora na Graduação em Psicanálise
Leia outros artigospublicados no Saúde Debate
Conheça também os colunistas do Saúde Debate
<
p class=”ql-align-justify”>