O aumento do colesterol nas crianças e adolescentes é um tema que deve ser amplamente abordado junto à população, pois pode trazer graves consequências à saúde dos jovens. A causa mais comum é uma alimentação rica em gorduras e pouco saudável, aliada ao sedentarismo, combinação que pode levar à obesidade infantil, aumentando o risco do colesterol LDL, que é ruim, no sangue.
Segundo o Atlas Mundial de Obesidade 2024, o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035, o que é preocupante e uma questão de saúde pública já que o atual estilo de vida favorece essa tendência. Além de todos os problemas de saúde relacionados à obesidade, ainda há o aumento dos triglicerídeos, que é o colesterol que vem do açúcar, relacionado ao risco de diabetes principalmente nas crianças obesas.
Um dos grandes perigos do colesterol alto nos jovens é a impressão de que ele não faça tão mal, já que o risco imediato é baixo. A questão é que, com o tempo, caso a situação não seja controlada, ele pode ser aumentar muito. Com os anos, o colesterol começa a se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente nos de menor calibre, o que aumenta o risco cardiovascular para doenças coronarianas no coração, o que pode culminar em um infarto do miocárdio. Além disso, também pode se acumular nos vasos da circulação cerebral, levando a um acidente vascular cerebral, mais conhecido com AVC.
A boa notícia é que é possível controlar o avanço do problema para garantir um futuro saudável às crianças e adolescentes, evitando, inclusive, uma morte relacionada a doenças cardiovasculares crônicas de forma precoce. É necessário que a sociedade reconheça a importância do tema e invista na qualidade de vida desse recorte da população, proporcionando uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, o combate ao sedentarismo, acompanhamento de saúde geral e o incentivo para que possam crescer com hábitos de vida saudáveis.
Há ainda um fator de risco genético chamado hipercolesterolemia familiar (HF), que está associado ao risco de desenvolvimento prematuro de doença cardiovascular, principalmente coronária e que resulta em crianças e adolescentes com níveis altíssimos de colesterol produzido pelo próprio organismo. Crianças com pais ou familiares com histórico de colesterol muito alto, infarto do coração ou morte súbita antes dos 60 anos precisam ser acompanhadas em serviços específicos de cardiologia para detectar tratar o problema. A HF deve ser tratada com orientação médica e medicações específicas para evitar um infarto na vida adulta, por isso é fundamental que esse tipo de informação chegue à população.
Então, é importante que as crianças tenham um acompanhamento em termos de saúde geral, controle desses fatores de risco ainda na infância – e principalmente na adolescência – para que existam medidas preventivas para o acompanhamento desses indivíduos para que não tenham uma morte relacionada a doenças cardiovasculares crônicas de uma forma precoce.
As recomendações para os pais e cuidadores são: levem seus filhos ao pediatra e ao cardiopediatra, acompanhem seus índices de saúde, façam boas escolhas alimentares e incentivem os exercícios. Crescer de forma ativa e saudável é a melhor prevenção para evitar o colesterol alto na infância e as doenças cardiovasculares no futuro.
*Silvana Vertematti é pediatra e especialista da medicina do exercício e do esporte do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe). Realizou a especialização na Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte (SMES). A profissional foi médica gerente das arenas de esgrima e taekwondo das Olimpiadas Rio 2016 e médica de Ringue da Federação Internacional de Boxe Amador (2012 – 2016), dos jogos Sul-Americanos 2014 e dos Mundiais Femininos de Boxe Amador (2012 – 2016)
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