Na esfera médica, o setor de imagens representa a vanguarda em termos de apropriação efetiva da inteligência artificial (IA). Já existem algoritmos que possibilitam a análise de mamografias, identificando aquelas com maior probabilidade de câncer, para que o médico especialista consiga focar e tratar, criando um funil de prioridade. O mesmo ocorre com autópsias de lesões cutâneas na área da dermatologia.
Agora, com a rápida adoção do ChatGPT, uma revolução ainda maior na área da tecnologia e da saúde acontece – a ferramenta atingiu 100 milhões de usuários em apenas 60 dias. Essa popularidade se deve ao fato de o dispositivo ter simplificado e personalizado o uso da inteligência artificial, permitindo que o usuário final também se beneficie dela. Esse acesso irrestrito a informações torna o indivíduo cada vez mais protagonista de sua própria saúde.
Os dados fornecidos pela inteligência artificial capacitam as pessoas a tomarem decisões mais informadas sobre suas condições de saúde, permitindo que assumam um papel ativo em seu autocuidado. Com essas informações em mãos, os indivíduos podem buscar as melhores opções de tratamento, controlar seus sintomas e tomar medidas preventivas para evitar doenças. Essa abordagem facilita até mesmo a comunicação com o médico que, ao receber um paciente mais bem informado, pode se aprofundar ainda mais na resolução do problema em apenas uma única consulta.
A inteligência artificial permite ainda que os indivíduos se conectem remotamente com os profissionais de saúde através da telemedicina, reduzindo a necessidade de visitas presenciais e melhorando o acesso aos cuidados. Além disso, oferece dispositivos vestíveis, como smartwatches, que podem rastrear sinais vitais, atividade física e padrões de sono, fornecendo aos profissionais de saúde dados em tempo real sobre a saúde de um indivíduo. Essas informações podem ser usadas para monitorar condições crônicas, identificar riscos à saúde e avaliar a eficácia dos tratamentos.
Em resumo, o cenário da saúde está mudando rapidamente. Contudo, apesar de o sistema e os provedores de serviços de saúde desempenharem um papel crucial na condução dessa transformação, os indivíduos também têm um papel significativo a desempenhar. Com o auxílio da tecnologia, os indivíduos podem – e devem – assumir um papel ativo na gestão de sua saúde, promovendo cuidados preventivos e defendendo um modelo de atendimento centrado no paciente. Ao trabalhar em conjunto, podemos colaborar para transformar os cuidados de saúde, tornando-os mais acessíveis, disponíveis e eficazes para todos.
* Eduardo Cordioli é médico obstetra e Head de Inovação na Docway, empresa de soluções de saúde digital no Brasil
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