Avanços no tratamento da síndrome mielodisplásica: perspectivas e inovações apresentadas no EHA

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2024-08-28 | 16:00h
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2024-08-28 | 13:40h
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(Foto: Freepik)

O congresso anual da European Hematology Association (EHA) é um dos eventos mais aguardados no campo da hematologia, reunindo especialistas de todo o mundo para compartilhar os mais recentes avanços em pesquisa e tratamento. Este ano, o EHA trouxe uma série de inovações notáveis no tratamento da síndrome mielodisplásica (SMD), uma doença da medula óssea caracterizada pela produção inadequada de células sanguíneas, como glóbulos vermelhos e plaquetas. Esta condição afeta principalmente homens com uma média de 75 anos.

A SMD é um distúrbio neoplásico que resulta em uma renovação celular comprometida. A produção de células sanguíneas na medula óssea é um processo contínuo e essencial para a manutenção da saúde. No entanto, fatores como o envelhecimento, o tabagismo e condições que fragilizam o DNA podem levar a alterações genéticas nas células-tronco hematopoéticas, comprometendo sua função e resultando na SMD.

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O tratamento da SMD depende do risco associado à doença e da condição clínica do paciente. Pacientes de baixo risco geralmente recebem terapias voltadas para o controle dos sintomas, como a anemia e a necessidade de transfusões sanguíneas, com medicamentos que minimizam efeitos adversos. Em alguns casos, pacientes assintomáticos podem não necessitar de tratamento imediato. Já os pacientes de alto risco requerem abordagens mais invasivas, incluindo quimioterapias intensivas e, quando possível, o transplante de medula óssea, que pode ser curativo.

Durante o EHA, foram apresentados diversos estudos promissores, como o ensaio COMMANDS, que investigou o benefício clínico do tratamento com um novo agente em pacientes dependentes de transfusões e que não haviam sido tratados com agentes estimuladores de eritropoiese (ESA), com SMD de risco muito baixo, baixo ou intermediário. Os resultados mostraram melhorias significativas na hematopoiese, processo pelo qual são formadas as células do sangue, e na qualidade de vida dos pacientes.

Dados do mundo real sobre a escalada de dose e os resultados entre pacientes com SMD de menor risco que recebem tratamento com esse novo agente também foram apresentados, destacando a importância da independência de transfusões para a sobrevida global desses pacientes.

Além disso, foi quantificada a relação entre a independência de transfusões e a sobrevida global em SMD de menor risco, reforçando o valor do uso precoce desse novo tratamento nesses pacientes. O estudo também abordou como a hemoglobina impacta a qualidade de vida em pacientes dependentes de transfusões que receberam tratamento com o novo agente ou epoetina alfa.

A análise comparativa de biomarcadores mostrou que o novo agente melhora a hematopoiese em subgrupos de SMD com sideroblastos em anel positivos e negativos, conforme observado na fase 3 do estudo COMMANDS. A relação entre o benefício clínico e o panorama genômico e a carga mutacional dos pacientes também foi explorada, destacando a eficácia do novo tratamento em comparação com a epoetina alfa.

Os avanços discutidos no congresso EHA refletem um período de inovação contínua no tratamento da SMD. A introdução de novos medicamentos e a pesquisa em terapias emergentes indicam um futuro mais promissor para os pacientes, com potencial para transformar a história da doença e proporcionar alívio significativo aos que sofrem com essa condição complexa e desafiadora. Como hematologista, é estimulante testemunhar esses desenvolvimentos e estar na vanguarda de uma nova era de tratamento para a síndrome mielodisplásica.

As inovações apresentadas no EHA são um marco importante para a hematologia, trazendo esperança e novas possibilidades terapêuticas que podem revolucionar a abordagem e o manejo da síndrome mielodisplásica.

*Fábio Pires é hematologista na Beneficência Portuguesa de São Paulo

Atenção! A responsabilidade do conteúdo é do autor do artigo, enviado para a equipe do Saúde Debate. O artigo não representa necessariamente a opinião do portal, que tem a missão de levar informações plurais sobre a área da saúde. 

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