Durante a 14ª Convenção Brasileira de Hospitais, em julho, vou moderar um painel sobre acreditação e qualidade e já trago a reflexão sobre o quanto a qualificação e as melhorias na área da saúde estão diretamente ligadas ao bom uso de tecnologias que facilitam e otimizam o acompanhamento do que ocorre em uma instituição e que consideram o paciente como centro desse processo. Se no painel vou abordar o tema na teoria, nos estandes os visitantes poderão conhecer as soluções na prática.
É fato que um dos principais avanços digitais na área é a conexão das informações do paciente e da instituição hospitalar por meio de soluções, aplicativos e plataformas. Nesse cenário, destaca-se sempre o prontuário eletrônico, que substitui o tradicional registro em papel, proporcionando uma série de vantagens ao gestor hospitalar e ao paciente. Ainda mais assertivo, porém, é um sistema totalmente digital e acessível a diversos estabelecimentos de saúde, que mapeia desde o agendamento da consulta, passando pelos hábitos do paciente e a adesão ao tratamento. E mais: que favoreça a interoperabilidade desses dados com outros sistemas. Porque, sem a menor dúvida, a interoperabilidade é decisiva para o cuidado baseado em valor.
Essa centralização de dados permite um acesso rápido às informações, proporcionando uma visão mais completa e precisa do quadro clínico do paciente. Além disso, o sistema digital contribui para a redução de erros médicos, pois evita eventuais falhas na interpretação da caligrafia ou perdas de documentos e promove acesso mais fácil ao histórico relevante para a conduta médica. A integração de sistemas também facilita a comunicação entre os profissionais de saúde, possibilitando uma colaboração mais efetiva e uma tomada de decisão mais ágil. Por meio de acesso remoto, médicos podem acompanhar seus pacientes a distância, ampliando a continuidade do cuidado.
Ora, um sistema mais assertivo, com menor risco de erros tanto de registro de informações como de condutas médicas e que favorece uma decisão mais rápida sobre a condição do paciente é uma ferramenta essencial para a conquista de acreditações – tanto as que estão diretamente relacionadas com o uso de tecnologias digitais adequadas quanto aquelas que respondem à segurança do paciente.
Ao mesmo tempo, ganha o paciente, que, além de ter confiança de estar em um ambiente muito mais seguro, de acordo com a Global Health, plataforma de inovação da MV, ele economiza até 70% do seu tempo ao agendar a consulta de forma remota, fazer o check-in online e obter antecipadamente a autorização do convênio, se for o caso. Esse processo também só traz vantagens para a instituição: há redução de absenteísmo e de gastos supérfluos e aumento de produtividade e de faturamento. Foi o que ocorreu com o Hospital Mãe de Deus, referência no Rio Grande do Sul, que há dois anos automatizou os processos de autoatendimento com as soluções da MV, como pré-cadastro, controle de visitas e gestão de acesso, evitando filas e promovendo a independência na assistência. O Hospital ainda reduziu o uso de plástico, papel e metal por conta da eliminação dos crachás que chegaram a somar 7 mil unidades por mês e da digitalização de exames.
Outro tema também ligado à qualidade da instituição é a inteligência artificial como assistente nos exames de diagnóstico, como radiografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas. Esses algoritmos podem identificar padrões e anomalias, ajudando os médicos a detectar problemas com maior precisão.
Além disso, a IA permite a comparação automática de laudos anteriores com os exames atuais. Isso é especialmente útil para monitorar a progressão de doenças crônicas e identificar alterações sutis ao longo do tempo. Ao automatizar essa comparação, a IA reduz o tempo e o esforço necessários para a análise dos exames, permitindo que a equipe médica se concentre em decisões clínicas mais complexas. Mais uma vez, assertividade e segurança na conduta, que certamente contribuem para uma maior qualificação do estabelecimento de saúde.
Já temos bons cases e resultados mensurados. Também vemos que empresas já consideram o assunto uma pauta quente. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer na transformação digital de saúde. É essencial trazer o paciente para uma jornada 100% digital: somente dessa forma estaremos de fato praticando uma mudança com impacto e valor real, aprimorando a experiência do paciente e considerando a melhor equação entre desfecho clínico e custo.
* Valmir Oliveira Junior, diretor comercial de produto da MV, multinacional brasileira especializada na transformação digital da saúde
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