A força do SUS na crise humanitária Yanomami

SUS na crise humanitária Yanomami
(Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem amplo alcance em nosso país e suas ações são importantes, embora nem sempre reconhecidas, em diversas áreas no nosso cotidiano. Nem sempre reconhecidas? Isso mesmo. Afinal, muitas pessoas no Brasil ainda comentam “eu não uso o SUS”. Mas esta afirmação não poderia estar mais equivocada, pois os braços de atuação do SUS estão até na qualidade da água que bebemos, nos alimentos e medicamentos disponibilizados à população e em muitas outras situações relacionadas à saúde. 

Um destes ‘braços’ de atuação do SUS é a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS), que foi criada em 2011, na mesma norma que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Entre as situações que já receberam auxílio da Força Nacional estão: o incêndio na boate Kiss; grandes eventos como a Copa e as Olimpíadas em 2016; além de alguns desastres relacionados a enchentes e deslizamentos.  

A convocação da FN-SUS é feita pelo Ministro da Saúde e pode ocorrer quando é declarada Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, por determinação do comitê gestor ou para atender à solicitação dos estados e municípios, em respostas coordenadas internacionais e em necessidade de atendimento humanitário. 

A atenção da opinião pública e das autoridades no Brasil e no mundo tem estado voltadas ao território Yanomami no estado de Roraima, considerado a maior reserva indígena brasileira. Recentemente, os brasileiros se viram chocados com as notícias das mortes de mais de 570 crianças no território. Sobretudo, porque a maioria das mortes teria ocorrido por causas evitáveis como desnutrição e diarreia. 

Esta crise humanitária e sanitária levou o Ministério da Saúde a decretar, no dia 20 de janeiro, estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, dando início às ações pertinentes para ajustar a situação e ao deslocamento de profissionais da FN-SUS para prestação de serviços à população local. 

Desde então, infelizmente, mais quatro indígenas morreram em decorrência da sua condição precária de saúde, enquanto aguardavam o transporte. No último dia 24, os profissionais da FN-SUS reforçaram os atendimentos de saúde na região e um hospital de campanha montado pela Força Aérea Brasileira começou a funcionar no dia 27 de janeiro. 

Os profissionais de saúde estão trabalhando, dando assistência e ajudando a salvar as vidas do povo Yanomami. Gesto que exemplifica como a população brasileira precisa usar, cada vez mais, sua voz para dar visibilidade à ampla estrutura de saúde que o país possui e saber da fundamental competência do SUS no amparo à toda população. O SUS é uma valiosa estrutura brasileira e tem atuação importantíssima no dia a dia da sua população, merecendo todo o respeito e admiração. 

* Ana Paula de Oliveira é professora da Pós-graduação do Centro Universitário Internacional Uninter.  

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