Assim como aconteceu com a Covid-19, pesquisadores também se mobilizam para conhecer mais sobre o atual estágio de disseminação da varíola dos macacos. Até agora, o que se sabe sobre a varíola dos macacos permite a orientação da população para prevenção e evitar a transmissão do vírus causador da doença, além das indicações para tratamento.
A varíola dos macacos foi identificada primeiramente no final da década de 1950, em um laboratório da Dinamarca. Os vírus foram encontrados em macacos, mas estes animais são considerados apenas “reservatórios”. O atual surto de varíola dos macacos atinge mais de 75 países e o que vem chamando atenção dos pesquisadores e profissionais de saúde é como a doença deixou de ser endêmica na África para se espalhar para outras regiões.
A médica infectologista Sandra Gomes de Barros, professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa, explica que ainda são necessários mais estudos para aprofundar os conhecimentos sobre a varíola dos macacos. “Tudo começou nos anos 1950 e isto estava restrito na África. Agora, atinge todo o mundo. Então, precisamos saber o motivo disto, o porquê da mutação desses vírus e também por que a população homossexual ser mais frequentemente atingido (a maior parte dos casos está concentrada no sexo masculino). Ainda há muito o que ser desvendado”, avalia.
De acordo com ela, o panorama da varíola dos macacos não pode ser comparado à pandemia de Covid-19 nas mesmas proporções. “Ambas são doenças virais, mas a Covid-19 tem alta letalidade, ao contrário da varíola dos macacos. Em relação à contaminação pelo ar, isto é absurdamente alto no caso da Covid-19. Já no monkeypox, o risco de contaminação é mais baixo. Por conta desses fatores, isto leva a crer que não teremos uma doença nas proporções da Covid-19, que chegou a causar um colapso no sistema de saúde. Isso não deve acontecer com a varíola dos macacos, por ser uma doença com diagnóstico ambulatorial, sem necessidade de internação na maioria dos casos”, comenta Sandra.
O que se sabe da varíola dos macacos e o que se pode esperar?
A médica salienta que o momento é de alerta, em função da transmissão e do aumento de casos. A possível chegada de vacinas para auxiliar a prevenção deve levar a doença a outro estágio. “A varíola dos macacos é uma doença viral e imunoprevenível, ou seja, prevenível por vacina. O imunizante chega para dar esse reforço para evitar a disseminação. Estas doenças virais, como varíola e sarampo, são benignas quando acontecem na infância, principalmente. Entretanto, quando ocorrem na fase adulta, podem ter um comportamento diferente, em especial nos imunossuprimidos, que têm um sistema imunológico deficiente. É muito importante proteger essa população”, enfatiza.
O Ministério da Saúde deve receber nos próximos dias uma posição da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre a disponibilidade das vacinas contra a varíola dos macacos. Já houve tratativas com o laboratório responsável pela produção do imunizante, mas ainda falta a confirmação do calendário de entrega do mesmo.
A aquisição das vacinas acontecerá por intermédio da Opas, pois o laboratório que fabrica as vacinas fica na Dinamarca e não possui representante no Brasil, que fez a solicitação de 50 mil doses. Elas serão destinadas a públicos específicos.
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