Durante as férias, brincadeiras tradicionais, que dispensam o uso de brinquedos caros, complexos ou tecnológicos, além de afastar o tédio, treinam habilidades importantes para o desenvolvimento infantil, alerta o Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da FMUSP.
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Manter as crianças entretidas é o desafio enfrentado pelos pais durante as férias, particularmente aquelas na idade pré-escolar, entre 2 e 6 anos. Isto porque, nessa fase, as crianças têm muita energia, curiosidade e vontade de explorar o mundo, mas ainda estão desenvolvendo sua autonomia e capacidade de compreender os riscos.
De acordo com a coordenadora do Ambulatório de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento do Instituto, Ana Paula Scoleze Ferrer, as brincadeiras permitem que a criança desenvolva a sua criatividade, imaginação, raciocínio, treine muitas habilidades motoras e de coordenação, amplie o seu vocabulário e linguagem, além de serem fundamentais para o desenvolvimento socioemocional. “Brincar é o centro de aprendizado da infância”, explica a pediatra.
Na idade pré-escolar, a brincadeira tem ainda um papel muito importante, estimular as funções executivas – relacionadas à capacidade de planejar e executar as ações para atingir um determinado objetivo, habilidades essenciais para a resolução de problemas e tomada de decisões. “De forma lúdica e divertida, as brincadeiras ajudam a manter a atenção e a controlar os impulsos e emoções, fundamental para as relações pessoais, o desempenho escolar e o futuro profissional”, afirma Ana Paula Scoleze Ferrer.
O desenvolvimento das funções executivas ocorre entre a infância e o início da idade adulta, contudo com maior intensidade entre 3 e 6 anos, a partir da maturação de uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal. Para o desenvolvimento dessa importante área cerebral, é necessário que a criança tenha interações sociais saudáveis e adequadas, além de saúde física.
“Funções executivas como a cooperação, a criatividade, o autocontrole, a memória estratégica, o foco e a atenção são estimuladas a partir de brincadeiras simples e que podem ser feitas em casa ou em espaços públicos, como praças e parques, basta ter disponibilidade e imaginação”, ressalta a especialista.
Veja como algumas brincadeiras tradicionais treinam as funções executivas:
– Exercitar as capacidades motoras e estimular a atenção e o autocontrole: amarelinha, pular corda, pega-pega, esconde-esconde, estátua, morto-vivo, passa o anel e queimada.
– Treinar o foco, a atenção e a capacidade de guardar informações: jogo da memória, seu mestre mandou e meus olhinhos estão vendo.
– Estimular o raciocínio, o pensamento, a capacidade de pensar em estratégia, tomar decisões e respeitar regras: jogos de tabuleiro, jogo da velha e bola de gude
– Desenvolver flexibilidade, trabalhar em equipe, seguir instruções, respeitar regras e controlar reações: futebol, vôlei, basquete ou outros jogos em equipe.
“Férias também é tempo de aprender. Através das brincadeiras a criança se torna um agente ativo para o seu próprio desenvolvimento”, finaliza Ana Paula Scoleze.
*Informações Assessoria de Imprensa
