De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, aproximadamente 140 milhões de pessoas no Brasil sofrem com cefaleias, as conhecidas dores de cabeça. Essas dores de cabeça não são iguais. Ao contrário, são classificadas internacionalmente em cerca de 250 tipos diferentes. Além disso, uma dor de cabeça pode ser uma doença primária ou sintoma de outras patologias, algumas mais graves, como um tumor, um aneurisma ou um AVC. Além do desafio do diagnóstico, as cefaleias também geram custos diretos, no uso de recursos da saúde, ou indiretos, quando pessoas faltam no trabalho. Estima-se que o Brasil, a cada ano, gaste R$ 67 bilhões em recursos referentes a dias perdidos de trabalho (absenteísmo) e queda da produtividade (presenteísmo) apenas devido à enxaqueca, a segunda forma mais comum de dor de cabeça, e a mais incapacitante.
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O médico Luiz Severo, neurocirurgião funcional e especialista no tratamento avançado de dor, para diagnosticar de modo mais assertivo uma dor de cabeça, além de sua experiência clínica aliada a uma investigação bem-feita do histórico do paciente, incorporou no atendimento inicial a tecnologia que permite monitorizar em consultório o risco de hipertensão intracraniana. “É uma informação adicional, que permite realizar a triagem de casos mais graves, que devem, por exemplo, realizar imediatamente um exame de neuroimagem, diferenciando pacientes com risco neurológico daqueles que não são indicativos de urgência”, diz.
Uma informação adicional importante
A tecnologia é composta por uma plataforma com inteligência artificial, que processa dados obtidos por um sensor e emite relatórios que auxiliam os médicos na tomada de decisão. Quando há hipertensão intracraniana, o fluxo de sangue dentro do cérebro fica difícil, comprometendo a nutrição adequada. Traumas de crânio, AVCs, tumores, hidrocefalias e demências reversíveis são exemplos de patologias relacionadas ao aumento do volume intracraniano, que provoca a elevação da pressão intracraniana e leva à falta de nutrientes no cérebro. “É um exame complementar simples, sem radiação, que pode ser feito em consultório com obtenção de dados e relatórios em tempo real”, informa Severo.
Segundo o neurocirurgião, o paciente que apresenta uma dor de cabeça crônica incapacitante, em geral, está emocionalmente fragilizado e assustado com a possibilidade de uma doença grave, como um tumor. No entanto, de acordo com o especialista, a maioria das dores de cabeça constitui doenças primárias e apenas 2% são sintomas de outras patologias. “Já na primeira consulta utilizo o monitoramento brain4care, principalmente, para pacientes com dor de cabeça crônica que estão iniciando a jornada diagnóstica e não fizeram qualquer exame de imagem. Se a monitorização apontar parâmetros de normalidade e o paciente não apresentar qualquer sintoma clínico, a possibilidade de algo mais grave diminui bastante, posso tranquilizar o paciente e seguir com a investigação e pedir o exame de imagem na medida e momento certo”, diz.
A tecnologia na prática
Para o especialista, ter informações sobre o risco de hipertensão intracraniana dos pacientes pode ser comparado a uma consulta no cardiologista, em que o médico avalia a pressão arterial, ou no oftalmologista, em que se verifica a pressão ocular. “Nas duas situações os dados da pressão são úteis para que o médico saiba de modo indireto como está a saúde do coração e do nervo óptico do paciente, respectivamente. Com a brain4care a situação é similar, temos um indicador indireto de saúde do cérebro que nos auxilia na tomada de decisão mais assertiva”, diz.
Entre os exemplos de pacientes beneficiados pela tecnologia está o de uma jovem de 19 anos que sofria com dor de cabeça crônica de difícil controle há cinco anos. “A paciente já tinha sido submetida a procedimentos cirúrgicos, tomava medicamentos, mas as dores só se agravavam”, diz. O neurocirurgião percebeu ao monitorizar a paciente na posição sentada e posteriormente deitada, que havia mudança dos padrões do exame. Com essa informação, a suspeita era de hipotensão liquórica (quando há um vazamento de liquor). A ressonância mostrou a presença de uma fístula lombar. Fechado o diagnóstico, a paciente foi tratada com cirurgia para correção da fístula, livrou-se das dores e, atualmente, faz apenas acompanhamento anual. “Com esse caso, fomos premiados em um congresso científico da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia”, informa.
*Informações Assessoria de Imprensa