Mpox: O Brasil deve se preocupar com a nova doença em emergência de saúde global?

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(Foto: Divulgação/Unicesumar)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou no dia 14 de agosto o surto de Mpox na África, conhecida antes como Varíola dos Macacos, como uma emergência de saúde global – o mais alto nível de alarme ao abrigo do direito internacional de saúde. O decreto se concretizou quando uma cepa mais mortal do vírus, o Clado Ib, atingiu quatro províncias da África anteriormente não afetadas.  

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De acordo com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, do início deste ano para cá, mais de 17.000 casos foram confirmados e mais de 500 mortes em 13 países da África. O maior número de casos – mais de 14.000 – foi registrado na República Democrática do Congo, que notificou 96% dos casos confirmados no mês de agosto. 

Mpox no Brasil 

Em 2024, o Brasil notificou 709 casos confirmados ou prováveis de Mpox, número significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico do vírus no Brasil. Desde 2022, 16 óbitos foram registrados, sendo a morte mais recente em abril de 2023. 

Segundo Simone Bonafé Gianotto, médica infectologista e professora do curso de Medicina da UniCesumar, os casos no Brasil estão controlados até o momento. “Ao que tudo indica, o surto da nova cepa está restrito somente no continente da África. No entanto, a vigilância dos pacientes infectados e dos indivíduos expostos deve ser mantida para evitar que novas cepas também apareçam no nosso país”, explica. 

Não à toa, após o decreto de emergência da OMS, o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergência em Saúde em Brasília (DF) para coordenar ações de resposta à doença. “Embora o Brasil apresente sinal de estabilidade e controle da Mpox, ações como essa são de suma importância para prevenir e lidar com um possível aumento de casos no Brasil”, afirma Gianotto. 

Mpox – O que é, sintomas e transmissão 

Gianotto explica que se trata de uma doença viral observada em alguns animais que se adaptou ao ser humano. “Referente aos sintomas, a pessoa infectada apresenta erupções em rosto, mãos e pés, porém podem ocorrer lesões em qualquer parte do corpo como boca, olhos, órgãos genitais e ânus. Inicialmente essas erupções são preenchidas por líquido e com o decorrer dos dias secam e formam crostas que posteriormente caem. Além das lesões de pele, a doença frequentemente associa-se à febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, presença de ínguas, calafrios e fadiga”, explica a infectologista. 

Sobre a transmissão, a médica pontua que ocorre principalmente por contato – beijos, abraços e relação sexual – com pessoas infectadas. “O compartilhamento de objetos contaminados recentemente com fluidos da pessoa contaminada, como roupas de cama, ou contato com materiais da lesão também são formas de transmissão”. 

Vacinas e tratamentos 

Gianotto aponta que, até o momento, não existe uma vacina específica para Mpox, porém há uma vacina direcionada para essa classe de vírus – Orthopoxvírus – que gera imunidade ao Mpox para as pessoas que a recebem. Essa vacina é aplicada em grupos específicos no Brasil, como portadores de HIV. 

Existem vacinas que ainda estão em fase de teste que são especificas para Mpox, o seu uso emergencial foi solicitado recentemente para conter um novo surto da doença que até o momento está restrito a algumas localidades na África”, detalha da médica. 

Já sobre o tratamento, Gianotto diz que pode ser feito com medicações sintomáticas e, em casos graves ou em pacientes com baixa imunidade, com antivirais específicos receitados por profissionais da saúde. “Além disso, os pacientes infectados devem ficar um período em isolamento e os contactantes vacinados para evitar novos casos da doença. É importante dizer que a maioria dos casos são leves, e esse tratamento é mais comum em casos graves”, completa. 

*Informações Assessoria de Imprensa