Ministério da Saúde libera uso de membrana da placenta no tratamento de queimaduras

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(Foto: Freepik)

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), orgão do Ministério da Saúde, autorizou o uso da membrana amniótica como curativo biológico em hospitais públicos de todo o Brasil. A membrana amniótica, coletada da placenta após partos cesarianos com autorização da mãe, se torna uma alternativa segura, eficaz e mais acessível aos curativos tradicionais utilizados em grandes queimaduras. O material, que antes era descartado, agora poderá ser reaproveitado para salvar vidas.

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No Rio Grande do Sul, a técnica já havia sido usada de forma emergencial durante a tragédia da Boate Kiss, em 2013. O cirurgião plástico Eduardo Chem, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e coordenador do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre, relembra a experiência pioneira: “Na época da tragédia da Kiss, uma medida emergencial permitiu que recebêssemos membranas de outros países para tratar queimados, já que o Brasil não tinha regulamentação”.

A membrana amniótica atua como um curativo biológico temporário, cobrindo feridas, aliviando a dor e estimulando a cicatrização com mais eficiência e menor custo em comparação aos curativos sintéticos. “Num tratamento de queimadura, fazemos o debridamento para retirar o tecido necrosado e, em seguida, aplicamos o curativo. Os curativos à base de prata ou pele sintética podem custar até R$ 50 mil em casos de queimaduras faciais. Mesmo os mais simples chegam a R$ 10 mil. Agora, teremos uma alternativa gratuita e eficiente, que poderá ser utilizada por todos os bancos de tecidos do país”, afirma Chem.

O médico também destaca o potencial de captação do novo material, por se tratar de um momento positivo e de pouca resistência à doação: “Vamos abordar uma família que está vivendo o momento mais bonito de sua vida e perguntar: ‘Olha, o neném nasceu e a placenta, com a membrana que o envolvia, seria descartada. Que tal doar para ajudar a salvar vidas?’ É muito diferente da doação de pele, que geralmente ocorre em situações trágicas”, explica.

Com a decisão da Conitec, a expectativa é de que a escassez de pele humana nos bancos de tecidos seja amenizada, e que mais pacientes tenham acesso a um tratamento de ponta, gratuito e com melhores resultados para a cicatrização.

*Informações Assessoria de Imprensa