Mais pacientes Imunodeprimidos, mais riscos: o que a população precisa saber sobre infecções em pessoas vulneráveis

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(Foto: rawpixel/Freepik)

A medicina moderna transformou a realidade de milhões de pessoas. Hoje, pacientes com leucemia, lúpus, doenças inflamatórias intestinais, HIV ou que passaram por transplantes de medula óssea ou de órgãos sólidos conseguem viver mais, com mais qualidade de vida e maior autonomia. No entanto, esse progresso trouxe consigo um desafio silencioso e ainda pouco discutido fora do ambiente hospitalar: as Infecções em pessoas imunodeprimidas.

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Esse grupo de pacientes — que inclui também aqueles em uso prolongado de corticoides, quimioterapia, imunobiológicos ou imunossupressores — vive sob constante vigilância médica. O motivo? O sistema imunológico dessas pessoas tem sua capacidade de defesa significativamente reduzida. Com isso, microrganismos que normalmente não causariam problemas podem desencadear infecções graves, de difícil diagnóstico e tratamento.

“Uma das principais particularidades desses quadros é a ausência de sinais clássicos. Um paciente imunossuprimido pode estar com uma infecção avançada sem apresentar febre, dor ou alterações evidentes em exames de sangue”, explica o Infectologista João Prats, professor do InfectoCast. “A resposta imune é diferente, e isso exige do médico um olhar mais atento, uma escuta mais apurada e protocolos específicos para esse tipo de avaliação.”

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Entre as infecções mais comuns nesse grupo estão as causadas por fungos invasivos, como Aspergillus e Candida, vírus latentes que podem se reativar, como o citomegalovírus (CMV), e bactérias resistentes, especialmente em ambientes hospitalares. Pacientes transplantados, por exemplo, têm risco aumentado de desenvolver infecções por germes que podem ter sido transmitidos pelo órgão doador ou adquiridos nos primeiros meses após o procedimento.

“Nos transplantes de medula óssea, o risco é ainda mais elevado, especialmente durante o período de aplasia, quando o paciente ainda não reconstruiu sua imunidade. É um momento crítico em que qualquer sinal clínico merece atenção imediata”, destaca Prats.

Além disso, as medidas preventivas e o monitoramento contínuo são fundamentais. Isso inclui esquemas profiláticos individualizados, uso racional de antibióticos, estratégias de vacinação específicas para esse grupo e uma abordagem multiprofissional que envolva infectologistas, hematologistas, pneumologistas, entre outros especialistas.

Do ponto de vista da sociedade, entender essa realidade também é essencial para quebrar estigmas e proteger essas pessoas em espaços coletivos. Durante a pandemia de COVID-19, muitos imunossuprimidos enfrentaram riscos elevados e isolamento extremo. Mesmo fora de contextos pandêmicos, aglomerações, contato com pessoas gripadas ou ambientes com baixa higiene podem representar perigos reais para quem vive com imunidade comprometida.

“O que chamamos de infecção oportunista não é uma exceção: é uma realidade crescente. Ensinar sobre o que ser imunodeprimido e desenvolver estratégias específicas para esta população é fundamental”, conclui João Prats.

Com o avanço da medicina, viver com imunossupressão se tornou possível — mas viver com qualidade, segurança e dignidade depende também da consciência coletiva e do preparo técnico das equipes de saúde.

Perguntas e respostas: infecções em imunodeprimidos

O que significa ser imunodeprimido?
Imunodeprimido é quem tem o sistema imunológico enfraquecido, seja por uma doença (como câncer ou HIV), seja pelo uso de medicamentos que reduzem a resposta imune, como corticoides, quimioterápicos ou imunobiológicos. Isso deixa o organismo mais vulnerável a infecções.

Quais são os principais grupos de risco?

  • Pessoas que passaram por transplante de medula óssea ou de órgãos sólidos
  • Pacientes com câncer em quimioterapia
  • Pessoas vivendo com HIV em estágio avançado
  • Pacientes em uso crônico de imunossupressores (como em doenças autoimunes)
  • Indivíduos com imunodeficiências primárias, congênitas ou adquiridas

Quais infecções são mais comuns nesses pacientes?
Infecções por fungos (como AspergillusCandida), vírus (como citomegalovírus e herpesvírus), e bactérias hospitalares resistentes (como Pseudomonas ou Klebsiella multirresistentes) são particularmente frequentes. Algumas infecções são raras na população geral, mas muito graves em imunodeprimidos.

Essas infecções são mais difíceis de tratar?
Sim. Elas muitas vezes são de difícil diagnóstico, apresentam sintomas atípicos e exigem tratamento específico e precoce. Além disso, a escolha do antibiótico ou antifúngico precisa considerar a toxicidade e o perfil de resistência de cada microrganismo.

Como prevenir essas infecções?

  • Adoção de esquemas de profilaxia antimicrobiana individualizados
  • Vacinação, quando possível
  • Higiene rigorosa e cuidados com o ambiente hospitalar
  • Monitoramento constante de sinais clínicos e exames laboratoriais
  • Evitar contato com pessoas doentes e ambientes com risco aumentado (obras, locais com mofo, aglomerações)

Pessoas comuns podem ajudar de alguma forma?
Sim. Práticas simples como etiqueta respiratória (cobrir a boca ao tossir/espirrar), higienização das mãos, vacinação em dia e respeito às orientações de isolamento em casos de infecção ajudam a proteger quem tem o sistema imunológico mais frágil.

Esses pacientes podem levar uma vida normal?
Com acompanhamento especializado e medidas de prevenção bem aplicadas, muitos imunossuprimidos vivem com qualidade e independência. Mas é fundamental garantir acesso a serviços de saúde preparados para essa complexidade.

*Informações Assessoria de Imprensa

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