Maio Amarelo: trânsito e a relação com a saúde

Maio Amarelo - trânsito e relação com a saúde
(Foto: Pixabay)

O mês é de alerta. Afinal, segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), em 2021 houve quase 880 mil registros de acidentes de trânsito no Brasil e mais de 20 mil mortes. Por isso, há oito anos, o movimento Maio Amarelo foi lançado para fomentar ações entre o poder público, privado e sociedade civil para discutir a segurança viária para reduzir os acidentes e mortes no trânsito. É importante conhecer mais sobre o Maio Amarelo, trânsito e a relação com a saúde.

A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu maio por ter sido quando foi definida a Década de Ação para Segurança no Trânsito, em 2011. Assim como nos semáforos, o amarelo vem para chamar a atenção para o tema.

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Oito em cada dez pessoas que morrem em acidentes de trânsito no Brasil são homens. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e do DataSUS/DPVAT. O trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano e a principal causa de mortes de jovens entre 20 e 30 anos, segundo  pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O número de acidentes se alterou durante a pandemia, com restrições de circulação. Mas a flexibilização fez o cenário mudar rapidamente. Isto reforça a necessidade de prevenção, destacando a campanha Maio Amarelo, trânsito e a relação com a saúde.

De acordo com uma pesquisa da Abramet, entre março de 2020 e julho de 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um total de 308 mil internações por acidentes de trânsito. No ano passado, até setembro, o Brasil já gastou mais de R$ 108 milhões com essas internações. Em 2020, os gastos foram de R$ 171 milhões.

Atendimentos que podem representar uma grande sobrecarga para os serviços de urgência e emergência do SUS, como é o caso do Hospital Universitário Cajuru (HUC), em Curitiba (PR). Referência em traumas, a instituição trabalha 100% SUS e realiza em média 147 mil atendimentos por ano, entre internamentos, urgências e emergências, cirurgias e consultas ambulatoriais. Entre os pacientes que chegam ao HUC, também se destaca o número de pessoas do sexo masculino.

A imprudência dos motoristas causa aproximadamente 90% dos acidentes em todo o mundo e o Brasil apresenta a mesma estatística. Por isso, essas emergências têm um aspecto particular: a maioria delas é evitável. Observação que o coordenador médico do Hospital Universitário Cajuru, José Rodriguez, vive na prática. “É hora de pensar na saúde pública como um todo e buscar agir de forma preventiva. Ser responsável no trânsito é decisivo para diminuir os acidentes no trânsito e evitar uma sobrecarga do sistema de saúde”, afirma.

Maio Amarelo, trânsito e a relação com a saúde: prevenção

Em 2022, o Sesi Paraná, em parceria com o Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes (CIFAL Curitiba) e o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), apresentou os resultados do estudo “A Caminho do Trabalho: uma pesquisa sobre acidentes de trajeto no setor industrial do Paraná”.

A pesquisa foi lançada em maio de 2021 e, durante nove meses, gestores de 215 empresas (64% delas de médio ou grande porte e 35% micro ou pequenas), localizadas em 60 municípios do Paraná, responderam a um questionário abordando os modos de transporte utilizados na companhia, uso de empresa terceirizada de transporte, números e características das vítimas e dias de afastamento relacionados a acidentes de trajeto ocorridos com os colaboradores. Também foram avaliadas, informações sobre políticas das empresas e eventual realização de campanhas de sensibilização.

Os resultados trouxeram dados relevantes. Confira:

·        O índice de acidentes de trajeto é 77% maior em empresas que não realizam ações de sensibilização.

·        O automóvel é o principal meio de transporte utilizado nos trajetos casa-trabalho-casa.

·        Os trabalhadores que utilizam moto se acidentam três vezes mais do que quem vai de carro e 30 vezes mais do que quem utiliza ônibus.

·        Jovens, homens, entre 20 e 29 anos, estão entre as principais vítimas.

·        Colaboradores com menos tempo de empresa estão associados a um maior número de acidentes de trânsito.

·        Empresas de menor porte têm taxa maior de acidentes por colaborador.

Além dos dados, a pesquisa aponta caminhos para diminuir os índices:

·        Realização de campanhas de sensibilização, principalmente com foco, em colaboradores mais jovens, do sexo masculino e com menos tempo de empresa.

·        Suporte e orientação para micro e pequenas empresas no desenvolvimento de ações de sensibilização.

·        Incentivo à oferta de sistema de transporte coletivo por ônibus.

·        Incentivo ao uso do transporte público.

·        Ações de sensibilização voltadas para motociclistas e ciclistas.

·        Estímulo e/ou facilitação do acesso à vestimenta retrorreflexiva para ciclistas e motociclistas.

·        Estímulo ao uso de adesivos retrorreflexivos nas motocicletas, bicicletas e capacetes.

·        Estímulo ou facilitação de acesso de capacetes aos ciclistas.

·        Realização de iniciativas de orientação às empresas para o registro de informações sobre acidentes.

·        Alternância entre jornadas presencial e remota para os casos em que não há prejuízo laboral.

Mauro Gil, vice-presidente do ONSV, enfatizou que a segurança viária não é um problema apenas da indústria, mas de toda a sociedade. “Essa pesquisa é inédita, contemporânea e levantou uma série de informações importantíssimas, que vão referenciar novas ações”, afirmou.

Para conhecer a pesquisa na íntegra, acesse sesipr.com.br/segurancaviaria.

 * Com informações das assessorias de imprensa