O Instituto Aliança Contra Hanseníase promove campanha para o Janeiro Roxo, mês dedicado ao combate da hanseníase no mundo todo. Durante o mês, serão distribuídas 4.000 fitinhas do Bonfim na cor roxa, com a inscrição “Se amarre nesta aliança”. O material de campanha já circula pelo Brasil com o intuito de mobilizar e conscientizar as pessoas em relação a existência da hanseníase e sua prevenção.
O Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase é lembrado sempre no último domingo de janeiro. Durante o mês, são realizadas diversas ações de mobilização médico-social como forma de chamar a atenção da população para os sinais e sintomas da hanseníase, alertando para a importância do diagnóstico precoce a fim de evitar sequelas graves. Além de reforçar o compromisso no controle da doença, as ações da campanha também reforçam o combate ao estigma e preconceito contra a enfermidade, que tem um um passado marcado pela discriminação e isolamento dos pacientes. Hoje, a doença tem cura e o tratamento é 100% gratuito pela saúde pública.
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Segundo Laila de Laguiche, dermatologista e fundadora do Instituto Aliança Contra Hanseníase, a importância de um mês dedicado à enfermidade se dá pela grande oportunidade de circulação de informações em torno do assunto. “Falta informação a sociedade. Por falta de conhecimento, o diagnóstico tem sido tardio e os pacientes e pessoas do convívio próximo sofrem com consequências graves, além do aumento do risco de transmissão da doença não tratada para mais pessoas”, explica. “Quando mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura e menor o risco de sequelas”, completa.
As fitas já foram distribuídas, em conjunto com apoiadores e algumas coordenadorias estaduais de saúde, em oito estados: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão.
Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez anos para dar os primeiros sinais. A patologia afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade.
O diagnóstico tardio pode deixar graves sequelas, especialmente a incapacidade física com deformidades em mãos e pés, podendo levar também à cegueira. Até 1995, a hanseníase era conhecida como Lepra. Em março daquele ano, entrou em vigor a Lei 9.010, que alterou a terminologia oficial, mas que não representou mudança significativa nos desafios e preconceitos vividos pelos portadores da doença. Embora tenha cura e o tratamento ser gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a hanseníase é difícil de ser identificada.
Números alarmantes de uma doença negligenciada
Apesar da invisibilidade, a hanseníase faz parte de uma chocante realidade no Brasil. O país é o segundo com o maior número de casos no mundo, atrás somente da Índia. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2018 foram detectados 28.660 novos casos no território brasileiro, dentre estes, 1705 casos em menores de 15 anos de idade. Em 2018, o Paraná registrou 550 novos casos, de acordo com números da Coordenadoria Estadual de Hanseníase.