Mais uma movimentação importante no setor de saúde foi divulgada no mês de outubro. O Hospital Care, holding administradora de serviços de saúde, vai investir R$ 50 milhões no Hospital Pilar, um dos mais tradicionais de Curitiba (PR). Os recursos serão aplicados em aquisição de tecnologia, ampliação de estrutura e novos serviços. A parceria entre as duas instituições foi anunciada em dezembro do ano passado.
A pandemia de Covid-19 atrasou os planos de investimentos, mas agora eles estão saindo do papel. “Ainda se está longe de superar a pandemia, inclusive em Curitiba, mas consideramos esse um momento oportuno. Existe uma maturidade para isso e também precisamos olhar para frente”, afirmou Rogério Melzi, CEO da Hospital Care, em entrevista exclusiva ao Saúde Debate.
Entre os investimentos em tecnologia e aquisição de novos equipamentos estão o robô Da Vinci, para cirurgias robóticas – o equipamento já está sendo montado e poderá ser usado a partir de outubro -, e duas torres completas para videolaparoscopia com definição de imagem 4K, com todo o arsenal cirúrgico. “Nesse caso, a estratégia foi para um ganho potencial de tecnologia para uma prática já existente e comum no mercado. Esse agregado tecnológico permite definição, habilidade e conforto”, comenta Rodrigo Milano, diretor-presidente do Hospital Pilar, também em entrevista com a equipe do Saúde Debate. Esses equipamentos para videolaparoscopia são únicos em Curitiba.
Além disso, houve investimento para a compra de Microscópio Kinevo Full 900, o primeiro a ser implantado em um hospital do Sul do Brasil. Este é o microscópio de maior definição do mundo, que possui princípios de robótica, e utilizado em neurocirurgias. “Isso propiciou um avanço de resultados e conforto aos cirurgiões. Permitiu ganho técnico e de ergonomia. São procedimentos de alta complexidade, que demandam horas. Cirurgias que seriam de seis a oito horas, foram minimizadas a três a quatro horas”, explica Milano, enfatizando que esse conjunto faz com que o cirurgião atinja a plenitude técnica.
Outro investimento realizado dentro da parceria está na navegação cirúrgica, que pode favorecer uma série de procedimentos. O equipamento interage com o microscópio por bluetooth ou pela internet. O navegador é abastecido com os dados de radiologia, tomografia e ressonância magnética, transmitindo ao microscópio toda a parte virtual que o cirurgião construiu para o procedimento. “Enquanto ele está operando, pode visualizar o que concebeu antecipadamente para a cirurgia, sem qualquer movimento para as mãos”, conta Milano.
O Hospital Pilar também vai contar com o primeiro tomógrafo transoperatório do Brasil. O equipamento estará em breve na instituição. Com ele, será possível operar o paciente já com um aparelho de tomografia na sala de cirurgia, acoplado. Isto vai beneficiar diferentes tipos de procedimento.
Leia também – Qual é o plano futuro para o setor de saúde depois da pandemia?
<
p class=”ql-align-center”>(Foto: Divulgação)
Estrutura
Os investimentos na parceria Hospital Care e Hospital Pilar também contemplam a abertura de 42 leitos de hotelaria e 10 leitos de UTI. Também está previsto um hospital dia, com unidade operacional própria, incluindo três salas cirúrgicas, quatro leitos de recuperação pós-anestésica e 12 leitos de internamento.
Atualmente, o hospital possui seis salas para cirurgia e, com o avanço da implantação de estrutura física em uma primeira fase, passaria a oito salas no centro cirúrgico principal, além do hospital dia.
Também será feita uma unidade própria de gestão e recuperação da central de materiais, sendo o primeiro hospital no Paraná auto suficiente em todas as tecnologias e operações de assepsia de todos os materiais que fazem parte da assistência hospitalar.
Haverá ainda a aplicação de recursos para novas unidades no Hospital Pilar na área de oncologia e mastologia. “O paciente terá todas as técnicas necessárias nessas especializadas em um único local, com logística operacional plena”, revela Milano. Entre as novidades nesse novo serviço está também um atendimento diferenciado, conforme a faixa etária do paciente. O diretor-presidente do Hospital Pilar diz que os jovens de 13 a 18 anos, por exemplo, que não possuem identidade assistencial mesmo em hospitais referência, poderão contar com esse diferencial a partir de agora na instituição curitibana.
As novas estruturas físicas, que formarão um complexo, devem ser executadas de 24 a 30 meses. Este é o prazo para estar tudo pronto e operando. Serão várias unidades interligadas com o hospital principal, localizado no bairro Bom Retiro.
Leia também – Nova rotina: como o setor de saúde se adapta às mudanças geradas pela pandemia
Investimento e estratégias
De acordo com Rogério Melzi, o investimento de R$ 50 milhões faz parte da estratégia de transformar o Hospital Pilar em uma referência na Região Metropolitana de Curitiba. “Este é apenas o começo. Estamos pensando a longo prazo. O nosso projeto para o Pilar é para a Região Metropolitana de Curitiba. Isso porque percebemos que as redes saúdes modernas são completas. Além dos hospitais de referência, existe uma série de estruturas que permite um apoio completo ao paciente, como centros de especialidade, hospitais de menor complexidade, hospitais de longa permanência. Esse plano diretor atual já é uma grande contribuição para o mercado de saúde de Curitiba, mas é o começo”, salienta.
A intenção da Hospital Care e do Hospital Pilar é conseguir ainda mais destaque no mercado competitivo em Curitiba. “Sem nos furtar em buscar retorno do investimento, mas tão importante quanto isso é transformar o Hospital Pilar em uma referência. A escolha que a Hospital Care fez foi de um posicionamento no topo da pirâmide. Mas é um posicionamento que permite um equilíbrio entre paciente e investidor”, indica.
As parcerias se tornaram uma forma de atingir sustentabilidade no segmento da saúde e estão se tornando cada vez mais estratégicas. O Hospital Pilar, com 56 anos de atuação, encontrou justamente nessa modalidade um modo de seguir sendo um dos principais nomes do setor na região.
Rodrigo Milani conta que, atualmente, nenhuma instituição individualmente possui o conjunto capacidade financeira, gestão e governança para pensar em investimentos e planos a longo prazo. Por isso, uma parceria corporativa, como aconteceu nesse caso, pode fazer muita diferença.
Ainda sobre sustentabilidade no segmento da saúde, Milani ressalta que os investimentos em tecnologia estão diretamente ligados a isso. Ele cita como exemplo parte dos equipamentos já adquiridos nesse pacote de investimentos no Hospital Pilar. Foi o caso de uma paciente, atendida há três semanas no hospital, que teria um desfecho totalmente diferente caso os equipamentos já não estivessem no hospital. Na situação dela, anteriormente caberia um procedimento de seis a oito horas, com recuperação de três dias em UTI e outros cinco em apartamento, para uma retirada parcial de um tumor. Mas, com as novas tecnologias, foram duas horas de cirurgia, 24 horas de UTI e outras 24 horas no quarto, com o tumor totalmente retirado.
“Além do ganho técnico e resultado para o paciente, isso significa equilíbrio da entrega e viabilidade econômica para a operadora. O que se deixou de gastar com hotelaria e outros pontos compensa muito a tecnologia e o preparo do cirurgião”, aponta.
A Hospital Care possui também possui parcerias com hospitais do interior de São Paulo e em Santa Catarina. Segundo Melzi, nessas unidades também estão sendo feitos investimentos similares ao do Hospital Pilar.
Leia também – e-saúde lança e-book com principais informações do evento de 2020