Na Hospitalar 2023, a ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde promoveu no espaço Saber ABIMED um debate sobre o impacto da tecnologia nos custos da saúde. A Associação apresentou um estudo, realizado pela LCA Consultores, que mensurou os ganhos em termos de bem-estar social decorrentes do incremento tecnológico.
De acordo com o estudo, o Índice de Tecnologia Médica tem impacto positivo sobre o custo de saúde. Um aumento de 1% no índice impacta positivamente o gasto em saúde per capita em 0,494%. Entre 2009 e 2019, o aumento da tecnologia médica provocou a elevação dos gastos em saúde em R$97,68 bilhões (ANS + SUS). Em termos de bem-estar, por sua vez, verificou-se que o acréscimo de 1% no índice de tecnologia aumentou em 0,00868% a proporção da população acima de 65 anos e reduziu em 0,0253% a mortalidade infantil.
Leia também – 6 tendências da Saúde 5.0 e a importância da tecnologia para o setor
O estudo apresenta ainda três cases, construídos a partir de sólida abordagem metodológica nas áreas de cardiologia, diagnóstico por imagem e ortopedia, que revelam a importância dos métodos de avaliação econômica em saúde na escolha de alternativas mais eficientes dentre as inovações tecnológicas vigentes.
Na ortopedia, por exemplo, as próteses de quadril são essenciais para a qualidade de vida da população. O acesso precoce à tecnologia, em comparação ao acesso tardio, diminui a mortalidade intra-hospitalar em 7,4% ante 16,9%, e pode trazer impactos significativos na utilização de recursos e custos para o sistema de saúde, pela redução do gasto por tratamento de R$ 5.622 para R$ 3.626.
Os debatedores fizeram uma análise do setor e do investimento realizado. Para Renato Casarotti, presidente da Abramge, o mais importante é o setor perceber o paradoxo da infalibilidade em que está inserido, no qual todos os elos da cadeia possuem alta eficiência, mas isso não se traduz no ambiente real dos pacientes. “Precisamos entender que não estamos levando o melhor disponível para a população brasileira. O que fazemos é levar o melhor disponível para o maior número de brasileiros possível”, apontou.
Essa visão foi reforçada principalmente pela realidade do sistema público de saúde na equação. Segundo Eliezer Silva, diretor executivo do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, as análises realizadas pelo Hospital Albert Einstein seguem essa mesma linha. “Percebemos que pacientes atendidos no setor privado têm maior chance de sobrevida do que aqueles que atendemos por meio das parcerias no sistema público. Nossa dúvida era se nós não tínhamos o mesmo desempenho, mas percebemos que falhávamos no âmbito preventivo e isso impactava o restante da cadeia de tratamento”, explicou.
Mirocles Veras, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), apontou que a situação orçamentária das Santas Casas do país levava a situações parecidas de defasagem de atendimento. Hospitais de pequeno porte, com menos de 50 leitos, não costumam ter viabilidade financeira para implementar uma infraestrutura capaz de receber as tecnologias mais modernas.
Custo e bem-estar social
“O principal objetivo do estudo foi trazer luz sobre as duas esferas da tecnologia médica – custo e bem-estar social – a fim de auxiliar na condução das discussões acerca da sua importância nas condições socioeconômicas do País e na tomada de decisão sobre utilização ou não de tais tecnologias pelos sistemas de saúde”, explicou Fernando Silveira Filho, presidente executivo da ABIMED.
O estudo deixa claro que as boas práticas em ATS são a principal aliada do setor de saúde para alavancar esse impacto positivo. A melhor escolha de procedimentos e equipamentos para cada caso pode promover diminuição de gastos e elevar a qualidade do atendimento ao paciente. Só em caso de cirurgias oncológicas, uma melhor aviação reduziria em R$ 3 milhões os custos.
* Informações Assessoria de Imprensa