Imagine um futuro em que dispositivos como smartwatches e smartphones se tornam verdadeiros assistentes pessoais de saúde, monitorando suas condições clínicas em tempo real, coletando dados, analisando padrões e até mesmo resumindo suas queixas – tudo isso antes da consulta médica. Soa plausível? Anos atrás, essa ideia poderia compor um roteiro de ficção científica, mas parece cada vez mais perto da realidade diante dos recentes avanços tecnológicos. Para Iomani Engelmann, cofundador da Pixeon, essa transformação está a caminho e fará parte do que ele chama de ‘terceira onda’ da Inteligência Artificial na saúde. A única dúvida é quando ela chegará.
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Especialista em inovação e digitalização no setor, Engelmann divide a evolução da Inteligência Artificial em três grandes ondas. A primeira, segundo ele, ocorreu quando a tecnologia começou a otimizar processos já existentes, como o agendamento de consultas, a automação de atendimentos e a digitalização de prontuários. “Se a primeira onda trouxe eficiência aos processos administrativos, a segunda – que é a que estamos vivendo agora – leva essa transformação para dentro da prática médica, ajudando a analisar dados estruturados e não estruturados para auxiliar na tomada de decisão”, comenta.
Ainda sobre o momento atual, o especialista usa o exemplo dos exames radiológicos, cuja análise está sendo acelerada com o auxílio da tecnologia. “Sabemos que, em um cenário com 1.000 exames para laudo, 70% provavelmente serão normais, enquanto apenas 30% podem apresentar alterações. O médico, no entanto, não sabe quais exames estão alterados. É nesse ponto que a IA entra em ação”, explica.
Utilizando algoritmos avançados, a tecnologia ajuda o médico a priorizar os exames que indicam anomalias, permitindo que eles sejam analisados com maior urgência. “Ou seja, em vez de fornecer um diagnóstico definitivo, ela sinaliza que um exame pode não estar normal e o coloca no topo da fila para revisão médica. Assim, a tecnologia está aprimorando e automatizando processos existentes, mas sem transformar radicalmente o modelo de atuação”, pondera Iomani.
IA deve diminuir barreiras entre médico e paciente
A grande virada, no entanto, acontecerá na terceira onda, quando a IA deixará de ser apenas uma ferramenta de suporte para se tornar uma assistente médica inteligente, sugere Iomani. Nessa nova fase, a tecnologia será capaz de interpretar dados clínicos e comportamentais em tempo real, cruzando informações de diferentes fontes – como dispositivos vestíveis e registros médicos – para fornecer insights personalizados.
“Uma das grandes vantagens será diminuir a barreira entre o médico e o paciente. Coletores de dados em tempo real, como relógios e celulares, vão funcionar como assistentes de saúde, monitorando sinais e coletando informações importantes a que os médicos não têm acesso durante a consulta. Ao chegar numa clínica ou hospital para um atendimento, o paciente poderá levar consigo um resumo de seu histórico recente”, diz Iomani.
Outra contribuição importante, na análise do especialista, tem a ver com a interação dentro dos consultórios médicos. “Atualmente, parte da atenção do profissional ainda é voltada para a transcrição de informações no computador. Com a evolução da Inteligência Artificial na medicina, isso tende a mudar. Essa transcrição de informações deverá passar a ser automatizada, possibilitando que o médico tenha atenção plena no paciente”, sugere.
Aposta em mudanças em ritmo gradual
Mas, afinal, quando essas mudanças devem começar a ser vistas na prática? Para Iomani, apesar do avanço acelerado da tecnologia, o setor da saúde deve adotar essas inovações de forma gradual. “Estamos falando de uma área altamente regulada, onde qualquer novo processo exige testes rigorosos e a avaliação de questões éticas fundamentais. Isso naturalmente faz com que a implementação ocorra de maneira mais cautelosa”, explica.
Ainda assim, o especialista acredita que essa transformação já está em curso e seguirá um caminho sem volta. “A Inteligência Artificial não substituirá o médico, mas será um grande aliado na tomada de decisões, reduzindo gargalos históricos do setor e melhorando a experiência do paciente. A terceira onda da IA na saúde pode levar mais tempo para se consolidar, mas sem dúvida trará benefícios enormes para médicos e pacientes”, reforça.
*Informações Assessoria de Imprensa