Desde 2019 acontece o Julho Amarelo, campanha de prevenção das hepatites virais no Brasil, estabelecida pela Lei nº 13.802. Para orientar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, o Hospital São Vicente Curitiba promoverá uma ação de conscientização neste sábado, 30 de julho, no Parque Barigui. Entre 8h e 17h, profissionais de saúde irão tirar dúvidas e esclarecer sobre a doença, além de disponibilizar mil testes rápidos e gratuitos para hepatites B e C. A ação tem o apoio da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
“Estima-se que cerca de 0,5 a 1% da população mundial, consequentemente brasileira, é portadora de hepatites B ou C, mas não sabe. No caso da Hepatite C, hoje já foram tratados e curados cerca de 158 mil pacientes no Brasil. Se partimos do princípio da estimativa de quem não sabe que tem a doença, são mais de 1 milhão de pessoas com o vírus. Onde estão todas essas outras pessoas que ainda não tiveram acesso ao tratamento? Esse é o nosso maior desafio hoje: diagnosticar os portadores de hepatites B e C”, frisa Dra. Aline Moura, hepatologista do Hospital São Vicente Curitiba.
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As hepatites virais são divididas em cinco tipos, sendo que as B e C são as que requerem maior atenção. A cirrose é a principal complicação e pode levar 20 anos ou mais para se desenvolver sem apresentar sintomas. “O que mais vemos na prática é o indivíduo ser diagnosticado quando a cirrose já está instalada, e isso é um complicador. A cirrose é um fator predisponente para câncer de fígado”, alerta a hepatologista. “Quando falamos da hepatite B, essa tem o risco, inclusive, de causar câncer de fígado em indivíduos sem cirrose”, revela.
Em média, 80% dos casos de hepatite B se curam espontaneamente, mas os 20% restantes desenvolvem a forma crônica da doença, sem cura, porém com tratamento para casos indicados e acompanhamento médico periódico para todos. Desde 1998, a vacina contra hepatite B também entrou no calendário de imunização infantil no Brasil. “Mas, ainda temos muitas pessoas que nasceram antes dessa data e não foram vacinadas”, lembra a hepatologista, reforçando a importância de quem nunca tomou a vacina contra a hepatite B, que está disponível gratuitamente para pessoas de qualquer idade, procurar uma unidade de saúde para a imunização.
No caso da hepatite C, cerca de 80% dos infectados evoluem para a forma crônica da doença, que até pouco tempo atrás, antes dos avanços no tratamento, foi a principal causa de transplante de fígado no Brasil e no mundo. Dra. Aline Moura comenta que na prática já se percebe uma redução das indicações de transplante, justamente por causa das evoluções do tratamento, que permite curar quase 100% dos casos. “Mas, uma coisa é ter o vírus e não ter cirrose. Nós tratamos o vírus e a pessoa segue com a vida normalmente. Mas, se ela tem hepatite C e chegou ao ponto de surgir a cirrose, o vírus vai embora, mas a cirrose continua. Isso diminui exponencialmente o risco de evoluir com necessidade de transplante, porque diminui a inflamação do fígado, mas essa pessoa nunca mais poderá deixar de ter acompanhamento médico”, afirma.
Prevenção das hepatites
Amarelão nos olhos, denominado icterícia, febre, indisposição, dor no corpo e articulações, náuseas e vômitos, dor de cabeça e, algumas vezes, dor na parte superior da barriga. Esses são os sintomas mais conhecidos das hepatites. Contudo, eles são mais comuns na hepatite A, que é transitória. “A hepatite A tem caráter benigno, não evolui com forma crônica, e a maioria das pessoas não desenvolve hepatite fulminante, quando precisa de transplante de emergência. Algumas vezes, precisam ser internadas, sobretudo os adultos que se infectam, mas na sequência começam a melhorar”, diz a hepatologista. Para prevenir, é preciso consumir alimentos bem higienizados, água potável e seguir os cuidados básicos de higiene, como sempre lavar as mãos. Desde 2014, também foi disponibilizada a vacina contra a hepatite A no calendário de imunização infantil.
Considerada uma doença sexualmente transmissível, a hepatite B pode ser prevenida através do uso de preservativo, cuidado no manuseio de materiais perfurocortantes, pois também pode ocorrer infecção por sangue e secreções contaminados, além do não compartilhamento de seringas nos casos de usuários de drogas injetáveis.
“A hepatite C é transmitida, principalmente, pelo contato com sangue contaminado, compartilhamento de seringas ou por materiais perfurocortantes não descartáveis ou mal esterilizados”, esclarece Dra. Aline Moura, lembrando para essa hepatite não tem vacina e que é sempre importante ficar atento a esterilizações de objetos em salões de beleza e estúdios de tatuagens, por exemplo.
Já os vírus das hepatites D e E não são prevalentes no Brasil, especialmente na região Sul.
Ação de testagem rápida e gratuita para as hepatites B e C
Data: 30 de julho
Horário: 8h às 17h
Local: Parque Barigui (em frente ao Salão de Atos)
*Serão disponibilizados mil testes
* Informações assessoria de imprensa