Programa foi criado pela Itaipu Binacional para promover responsabilidade social e desenvolvimento sustentável
Para promover a cooperação, as parcerias, a troca de experiências e a integração das políticas públicas de saúde na região de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, a Itaipu Binacional criou, em 2003, o Grupo de Trabalho para Integração das Ações de Saúde na Área de Influência da Itaipu, seguindo a missão da entidade de trabalhar responsabilidade social e desenvolvimento sustentável na fronteira. Comitês técnicos discutem temas como saúde do idoso, mental, indígena, materno infantil, homem, endemias e epidemias, educação permanente em saúde, do trabalhador, acidentes e violências, desenvolvendo ações com as populações locais.
Entre as iniciativas dos comitês estão um guia para que os profissionais de Saúde abordem os parceiros de gestantes em pré-natal, para que esses realizem exames de rotina e prevenção nas diferentes especialidades; formação de agentes comunitários indígenas; capacitação nos protocolos; fortalecimento do sistema de informação em saúde no Paraguai e vigilância epidemiológica da tríplice fronteira. Para viabilizar os projetos, o programa tem aportes de recursos eventuais, e o grupo segue o orçamento do ano.
“Essa discussão conjunta ajuda na solução de problemas, porque apesar de cada país ter sua regulamentação e seus sistemas de saúde, os desafios na fronteira são similares. Há um trânsito intenso de pessoas. Assim, os êxitos alcançados lá são compartilhados aqui e vice-versa”, destaca Fernando Cossa, diretor administrativo-financeiro do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, de Foz do Iguaçu. O hospital é administrado pela Fundação de Saúde Itaiguapy e iniciou as operações em 1979, na época focada no atendimento aos profissionais ligados à construção da hidroelétrica Itaipu Binacional.
Segundo o diretor, o principal desafio é conciliar sistemas de saúde diferentes. No Paraguai, por exemplo, o formato utilizado é parecido com o que o Brasil tinha antes da criação do SUS, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), no qual somente os trabalhadores contribuintes tinham acesso aos serviços.
“Como os sistemas são diferentes, um problema no Paraguai, por exemplo, impacta no Brasil, porque quando a população não consegue ser atendida lá, vem para cá. A troca de experiências sempre é possível, o que mudam são as formas de implantação”, afirma.
Apesar de a realidade do Hospital Ministro Costa Cavalcanti ser diferente dos demais afiliados da Femipa, justamente por a instituição estar localizada numa região de fronteira, Cossa destaca que é possível tirar algumas lições da experiência do GT Itaipu. A principal delas é a de buscar estabelecer o diálogo entre os atores.
“Isso proporciona um encontro de alternativas e soluções. Nem sempre encontramos a solução ideal com o diálogo, mas podemos encontrar uma solução possível. Os demais municípios poderiam, por exemplo, criar um grupo de trabalho que envolvesse todos os atores”, sugere Cossa.
Método VIGEntEE
Um dos projetos de destaque dentro do GT Itaipu Saúde é o Método VIGEntEE© (Vigilância Integral e Geoprocessamento em Entomologia, Endemias e Epizootias), que tem por objetivo interromper a circulação viral antes do surgimento de surtos ou epidemias, reorganizando as práticas de controle de Aedes aegypti. O método viabiliza a prevenção e o controle efetivo das doenças transmitidas pelo mosquito, em especial zika, dengue, chikungunya e outras arboviroses de interesse em saúde pública.
O uso do sistema permite a geração de índices que refletem a infestação de Aedes associada ao diagnóstico laboratorial por biologia molecular, que detecta a circulação viral em animais vertebrados (possíveis reservatórios) e seres humanos. Toda informação gerada é integrada a um sistema de banco de dados, com a utilização de ferramentas de geoprocessamento, o que contribui para a tomada de decisão para execução de ações em menor tempo e com precisão geográfica, o que pode, consequentemente, reduzir as doenças causadas. Além disso, o método reorganiza metodologicamente as práticas de controle e combate, sem ferir os princípios dos programas institucionais de controle de doenças transmitidas por Aedes.