Fibromialgia ainda é mal diagnosticada

fibromialgia
(Foto: Ilustração/Pixabay)

Imagine sentir dor todos os dias pelo resto da vida e sem perspectiva de cura. Esse diagnóstico é assustador, mas pode ser mais comum do que se imagina. A fibromialgia é caracterizada pela dor crônica generalizada, mas que não apresenta evidência de inflamação na região afetada e, por isso, ainda segue muito ignorada. Para a médica anestesiologista e intervencionista da dor Tainá Melo, membro da Singulari Medical Team, é preciso educar a população sobre a existência da dor sem base anatômica ou lesão justificável.

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Diagnóstico de fibromialgia

Dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED) apontam que pelo menos 37% da população brasileira afirma sentir dor crônica – que persiste por mais de três meses. Ainda de acordo com o estudo, esse quadro atinge cerca de 24% da população na região Centro-Oeste.

Um dos dificultadores associados à doença é a falta de sinais que contribuam com o diagnóstico. A dor é comumente vista como gatilho para uma investigação profunda que vai determinar sua origem. Contudo, no caso da fibromialgia, o diagnóstico clínico é a principal forma de constatar a doença.

Mais do que isso, exames laboratoriais e de imagem servem para afastar a suspeita de que a dor generalizada esteja associada a outras doenças que poderiam causar esse efeito.

“A fibromialgia vem de um diagnóstico de exclusão. Quando temos um paciente que se enquadra nos critérios clínicos, que tem as características, precisamos excluir todas as outras possíveis causas para falar que ele tem fibromialgia. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Vemos muitas pessoas receberem esse diagnóstico sem ter nem investigado corretamente”, esclarece a médica.

Como tratar uma dor generalizada?

Nesse cenário, Tainá Melo admite que a automedicação, que ainda é um hábito comum no Brasil, pode ser um problema grave. Segundo a médica, a presença da dor constante e, em algumas ocasiões, até limitante somada a um diagnóstico e tratamento mal definidos leva o paciente a abusar de medicamentos para a dor.

“Começa a haver um exagero em medicações que não podem ser utilizados com tanta frequência como os anti-inflamatórios, por exemplo. Já atendi pacientes que faziam uso diário desse tipo de medicamento por vários meses, o que é extremamente grave, pois há risco de lesão renal muito grande. Alguns também usam corticosteroides, que são medicamentos com muitos efeitos colaterais. Na minha opinião, eles inclusive deveriam ser vendidos mediante receita controlada, mas os pacientes acham que por não haver essa exigência, são medicamentos que eles podem usar todos os dias”, alerta a médica.

De fato, ela explica que o tratamento medicamentoso não é a melhor forma de lidar com a fibromialgia, sendo apenas uma das opções dentro de uma abordagem multidisciplinar. Mais do que isso, ela reforça que um quadro de dor generalizada tem um impacto na qualidade de vida do paciente e pode até ter ramificações psicológicas. Diante disso, a conscientização acerca da doença ainda é parte fundamental do tratamento.

Adoção de hábitos saudáveis

Como explica a especialista, a prática de atividades físicas tem se mostrado a forma mais efetiva de aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente. “Vemos muito em vários estudos que uma das coisas que mais tem benefícios comprovados na fibromialgia é a atividade física. E isso é um problema, porque geralmente o paciente faz o contrário. Ele para de fazer exercício por causa da dor. Então, um dos grandes papéis do médico é conversar, orientar, explicar e realmente apresentar as medidas não-farmacológicas, que têm um impacto muito grande”, acrescenta.

Para todos os efeitos, o suporte de medicamentos também contribui para a melhorar o sono, que é drasticamente prejudicado pela fibromialgia, e a disposição do paciente, que vai conseguir manter a prática de exercícios. Além disso, a médica afirma que em momentos de crise, procedimentos intervencionistas podem ser a melhor opção para manter a qualidade de vida, mas, no quadro geral, o comprometimento do paciente com as mudanças é fundamental.

*Informações Assessoria de Imprensa