“A presença de fatores de risco clássicos aumenta a probabilidade de doença coronariana e acidente vascular encefálico”, afirma o médico Ronaldo Barroso Chaves, cardiologista do Hospital VITA, de Curitiba (PR). Segundo ele, tanto o acidente vascular cerebral (AVC) quanto o infarto agudo do miocárdio (IAM) podem ser a primeira manifestação da doença cardiovascular, que é a principal responsável por óbitos no mundo.
Chaves explica que apesar do IAM e do AVC apresentarem variados mecanismos de ocorrência, a grande maioria em ambos os casos são consequência de um mesmo processo, chamado de aterosclerose. “Objetivamente, tal alteração pode ser compreendida como uma doença inflamatória crônica no interior dos vasos sanguíneos, levando à formação de placas de ateroma (placas de colesterol, gordura e outras substâncias)”, destaca. Desta forma, a evolução da doença pode ter como resultado o estreitamento e obstrução dos vasos sanguíneos afetados, muitas vezes se manifestando clinicamente pelo IAM e AVC.
O médico alerta que é de grande importância a compreensão de que aproximadamente 90% dos casos de infarto e AVC estão relacionados a fatores de risco potencialmente controláveis, destacando-se:
Fatores de risco modificáveis: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, tabagismo, sedentarismo, obesidade e dislipidemia (elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose).
Fatores de risco não modificáveis: história familiar precoce de infarto: pai abaixo de 55 anos e mãe abaixo de 65 anos, genética e ser do sexo masculino.
Chaves ressalta que a prevenção de eventos cardiovasculares não deve ser restrita a pessoas com diagnóstico de doenças crônicas ou com fatores de risco identificados previamente. Indivíduos assintomáticos e sem antecedentes de doenças também necessitam de acompanhamento clínico especializado. Segundo ele, em tal contexto, o cardiologista pode calcular o risco que cada pessoa possui para a ocorrência de eventos cardiovasculares nos próximos 10 anos e ao longo da vida, o que é conhecido como risco cardiovascular. “A partir de então, o manejo clínico do paciente é realizado de forma individualizada, com metas específicas atreladas ao risco cardiovascular encontrado”, ressalta.
A identificação de indivíduos assintomáticos com maior predisposição é crucial para prevenção efetiva com a correta definição das metas terapêuticas. “Para isto foram criados os escores de risco que consideram quatro níveis de ameaça: baixo, intermediário, alto e muito alto. Com base na caracterização do risco são propostas estratégias de prevenção”, revela o cardiologista.
“A boa notícia é que a grande maioria das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas. Para tanto é necessário o controle dos fatores de risco”, frisa Chaves.