Agosto foi o mês da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação. Segundo o Ministério da Saúde, a imunização é destinada às crianças menores de 5 anos e, mesmo que o “Dia D das Vacinas” já tenha ocorrido, é possível ter acesso gratuito aos imunizantes nas unidades básicas de saúde.
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O público-alvo da multivacinação são os menores de 15 anos. O objetivo da campanha é obter uma alta cobertura vacinal para que doenças erradicadas, como a poliomielite, não voltem a ser registradas no Brasil. No mundo todo, as coberturas diminuíram ao longo da pandemia de Covid-19.
Para Thiago Massuda, especialista em imunologia e presidente do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná, as campanhas tornaram-se extremamente importantes; uma vez que as fake news levaram grande parte dos brasileiros a desconfiar da eficácia e da segurança dos imunizantes.
“A politização nas negociações – somada à desinformação, ao grande número de notícias equivocadas e falsas sobre o tema – contribuíram para o receio das pessoas em tomar as vacinas, inclusive a da poliomielite; doença que já foi considerada erradicada no Brasil”, diz.
Descoberta da vacina
A descoberta da primeira vacina contra a poliomielite foi em 1955. Sete anos depois, o pesquisador e médico polonês Albert Sabin [1906-1993] desenvolveu outro imunizante; a famosa gotinha que é administrada por via oral, mais barata e de alta eficácia.
“O trabalho de Albert Sabin foi incrível! Ele idealizou a estratégia de vacinação em massa contra a poliomielite no Brasil e países em desenvolvimento. Antes disso, o único tratamento possível era dar assistência médica aos infectados na fase aguda da doença e atenuar sintomas dos portadores de sequelas”, explica Massuda.
Transmissão e contágio
A poliomielite ou paralisia infantil é uma doença causada pelo poliovírus dos sorotipos 1, 2 e 32. Esse vírus pode causar a perda do movimento em alguma parte do corpo para toda a vida e pode ser fatal, pois afeta principalmente crianças menores de 5 anos.
“Como ficamos muitos anos sem ver casos da doença no Brasil, é compreensível que uma parcela da população acredite que não precisa mais se vacinar. Mas é justamente aí que está o erro. Viajantes, especialmente aqueles que vão e vêm de regiões da África e da Ásia, também podem contrair ou propagar a doença”, argumenta o biomédico.
Massuda explica que o poliovírus é amplamente contagioso e que a cada 100 crianças infectadas, duas a dez morrem de parada respiratória em virtude da parada dos músculos responsáveis por essa função. De acordo com o presidente do CRBM6, “dispensar as vacinas é colocar a própria vida em risco, assim como a dos parentes e demais pessoas com quem se tem contato”.
Conhecimento
Mas não é só a poliomielite que é combatida com a vacinação. “Gripe e Covid-19, por exemplo, são duas doenças que matam e que continuam com doses sobrando nos postos de saúde”, enfatiza o especialista. O presidente do CRBM6 destaca que é papel do Conselho Regional alertar a sociedade sobre a importância do calendário vacinal e promover uma ampla defesa sobre a ciência e seus benefícios para a humanidade.
“É por isso que orientamos as mães para que se informem sobre o calendário vacinal de crianças e jovens e mantenham a carteirinha de vacinação dos filhos em dia. É o exemplo e o cuidado que farão a diferença na vida destas crianças. Adultos também devem ficar atentos às doses de reforço e aproveitar os imunizantes disponíveis na rede pública”, destaca.
Abaixo, segue uma lista de doenças combatidas pela vacinação e cujos imunizantes estão disponíveis gratuitamente em postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS):
Catapora (varicela): é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Manifesta-se com frequência em crianças e suas principais características são manchas vermelhas e bolhas pelo corpo, acompanhadas de coceira. Mal-estar, cansaço, dor de cabeça, perda de apetite e febre baixa. A transmissão ocorre por meio do contato com o líquido da bolha, tosse, espirro e saliva ou por objetos contaminados pelo vírus.
Caxumba: infecção viral aguda e contagiosa, cujo sinal mais claro é inchaço e dor nas glândulas salivares. A enfermidade – mais comum em crianças no período escolar e em adolescentes – é provocada por vírus da família Paramyxoviridae. O contágio se dá por via aérea, por meio da disseminação de gotículas ou contato direto com saliva de pessoas infectadas.
Coqueluche: patologia infecciosa aguda provocada pelo bacilo Bordetella pertussis. Compromete o aparelho respiratório, incluindo traqueia e brônquios. A transmissão se dá pelo contato direto do doente com uma pessoa suscetível, por meio de gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou fala. Os sintomas iniciais são mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa.
Diarreia por rotavírus: o rotavírus causa diarreia grave em crianças menores de cinco anos. Os sintomas clássicos são o desarranjo intestinal, vômito e febre. O agente causador é transmitido pela via fecal-oral, o que inclui contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, toque em objetos infectados e propagação aérea.
Difteria: é causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae que se aloja principalmente nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas do corpo, além da pele. O contágio se dá pelo contato direto do doente ou portador com pessoa suscetível, por meio de gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. Os principais sintomas são membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, dor de garganta discreta e gânglios inchados no pescoço.
Febre Amarela: doença infecciosa febril aguda, cujos sintomas incluem início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Com a evolução do quadro, a pessoa pode desenvolver complicações como icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. A febre amarela é causada por um vírus transmitido por picada de mosquitos vetores infectados.
Hepatites A e B: inflamação do fígado e causadas por vírus ou uso excessivo de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. A maioria dos casos não tem sintomas, mas algumas pessoas podem apresentar cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. A transmissão da hepatite A ocorre por contágio fecal-oral e da hepatite B, por relação sexual desprotegida e contato com sangue, por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam. Também pode acontecer durante a gravidez e o parto.
HPV: Infecção sexualmente transmissível, o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e que pode causar câncer. A maioria dos infectados não apresenta sintomas – eles são mais comuns em gestantes e pessoas com imunidade baixa. O contágio se dá por contato direto com a pele ou mucosa contaminada, sendo que a principal forma é pela via sexual (oral-genital, genital-genital e manual-genital).
Infecção por HiB (Haemophilus influenzae tipo B): o HiB é um tipo de bactéria que pode provocar diferentes doenças infecciosas como pneumonia, dor de ouvido, infecção generalizada, inflamação do pericárdio ou nas articulações, sinusite e meningite. Sua prevalência é maior em crianças até 5 anos. A transmissão ocorre pelo contato com pessoas infectadas, mesmo que elas não apresentem manifestações clínicas, através das secreções da mucosa nasal.
Influenza: conhecida como gripe, é uma infecção aguda do sistema respiratório, ocasionada pelo vírus influenza. Ela inicia-se com febre, dor muscular e de garganta, prostração, dor de cabeça e tosse seca. Atualmente, circulam no Brasil os vírus A, B e C e eles são transmitidos de forma direta, de pessoa para pessoa, e indireta, por meio do contato com as secreções de outros doentes.
Meningite: processo inflamatório das meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal). Pode ser causada por agentes infecciosos e por processos não infecciosos, como medicamentos e neoplasias. As formas mais graves são as bacterianas e as virais. Nas primeiras, os sintomas incluem mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), confusão mental e, com o avanço, convulsões, delírio, tremores e coma. A contaminação se dá, basicamente, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta.
Rubéola: é transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus da família Togaviridae. Os sinais são febre baixa, gânglios aumentados, manchas vermelhas e coceira. Um de seus maiores riscos é a SRC (Síndrome da Rubéola Congênita), que atinge o feto ou o recém-nascido. A infecção na gravidez acarreta inúmeras complicações para a gestante, como aborto e natimorto (feto expulso morto) e, para os bebês também, como malformações congênitas. A transmissão ocorre diretamente de pessoa a pessoa, por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar.
Sarampo: é uma doença infecciosa aguda, grave e extremamente contagiosa. Ele pode ser contraído por pessoas de qualquer idade e é transmitido por contato direto entre indivíduos (espirro, fala e tosse). A patologia caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C; dor de cabeça; manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal); manchas vermelhas, que surgem primeiro no rosto e atrás das orelhas, e, em seguida, se espalham pelo corpo; tosse; coriza e conjuntivite.
Tétano: doença infecciosa não contagiosa, gerada pela ação de exotoxinas produzidas pela bactéria Clostridium tetani, normalmente encontrada na natureza sob a forma de esporo. Contraturas musculares, rigidez de membros, rigidez abdominal, dificuldade de abrir a boca e engolir, riso sardônico e dores nas costas estão na lista de sinais. Sua transmissão ocorre pela contaminação de um ferimento da pele ou mucosa com os esporos do bacilo.
Tuberculose: doença infecciosa e transmissível, que afeta prioritariamente os pulmões. Seu principal sintoma é tosse na forma seca ou produtiva. Outros sinais são febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço. É uma enfermidade de transmissão aérea e ocorre a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante fala, espirro ou tosse das pessoas com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea).
Covid-19: infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. É transmitido, principalmente, pelo contato com saliva, catarro e gotículas expelidas pela boca quando uma pessoa espirra, tosse ou fala.
*Informações Assessoria de Imprensa