“Existem no nosso arsenal ‘drogas’ mais complexas do que o canabidiol”, diz ministro da Saúde

    Os medicamentos a base de canabidiol, uma das substâncias derivadas da maconha, vêm sendo discutidos intensivamente em pelo menos duas frentes nos últimos dias. A Câmara dos Deputados instalou uma comissão para ampliar o debate sobre o projeto de lei 0399/2015, que pretende regulamentar o uso dos derivados da Cannabis como remédio. O relator do projeto é o deputado federal Luciano Ducci (PSB/PR).

    Paralelamente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está finalizando o seu parecer sobre o registro de medicamentos à base de canabidiol e a autorização do plantio da maconha para fins medicinais. A decisão deve ser anunciada até a segunda quinzena de novembro, conforme previsão divulgada pelo presidente da Agência, William Dib. Para ele, a expectativa é a de que “o bom senso prevaleça”.

    Em passagem por Curitiba nesta sexta-feira (25), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também comentou o assunto. Ele lembrou que o ministério chamou diferentes profissionais e entidades, incluindo os conselhos federais de Medicina e Farmácia, para discutir o tema e verificar as demandas do setor e dos pacientes.

    “O que nós queremos é nossos pacientes e nossos profissionais tenham o seu arsenal para tratar. Não temos problema com a substância. Até porque usamos a morfina, que é muito mais complexa. Usamos os derivados da xilocaína, codeína… Temos no nosso arsenal drogas extremamente mais complexas do que esta”, afirmou. “O que eles (entidades e profissionais) solicitaram: eles querem um medicamento para onde já tem pesquisa científica comprovada já que estamos falando de uso medicinal”, declarou o ministro.

    Mandetta salientou que os remédios a base de substâncias derivadas da maconha, como o canabidiol, são efetivos para casos como os de crise convulsiva reentrante, que são “rebeldes” ao tratamento convencional. “Existem trabalhos científicos que chamamos de duplo-cego randomizado, que dá segurança para o profissional. Não fazemos nada de empirimismo. O Ministério da Saúde não aceita nada de ‘acho’… Retratamos exatamente a posição daqueles que manipulam, que dispensam e que prescrevem estes medicamentos”, apontou.