Estudo inédito mostra que uso controlado do Ozempic reduz hábito do consumo de bebida alcóolica

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(Foto: Freepik)

Um novo estudo, publicado pelo JAMA Network, revelou que a semaglutida, substância presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy, pode ajudar a reduzir significativamente o desejo por álcool. Primeiro ensaio clínico randomizado controlado sobre o tema, ele avaliou ao longo de dois meses 48 participantes e trouxe resultados animadores: os pacientes que receberam o medicamento reduziram em 30% seu consumo de bebidas alcoólicas, enquanto o grupo placebo apresentou diminuição de apenas 2%.

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Os pesquisadores acreditam que o mecanismo de ação da semaglutida pode estar relacionado às vias de recompensa do cérebro, diminuindo o apelo do álcool de maneira similar à redução do interesse por alimentos. Apesar dos achados promissores, os cientistas alertam que ainda não há dados suficientes para prescrever o medicamento especificamente para transtorno por uso de álcool.

Para a endocrinologista Alessandra Rascovski, diretora clínica da Atma Soma e presidente do Instituto Rascovski, essa percepção tem se confirmado nos consultórios, “em média 60% dos pacientes que realizam o tratamento com semaglutida  diminuíram a ingestão de álcool expressivamente”.

Segundo um levantamento de 2023 da Covitel, realizado em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de indivíduos adultos que consomem álcool de forma abusiva no Brasil é de 4%, cerca de 6 milhões de pessoas, sendo 6,6% homens e 1,7% mulheres.

Além da redução do consumo, a especialista também notou a perda da vontade e da tolerância a bebidas alcoólicas, segundo os relatos de pacientes que fazem uso de medicamentos à base de semaglutida. “Investigações pré-clínicas vêm mostrando que essa substância altera o mecanismo metabólico da dopamina, conhecido como hormônio do prazer, reduzindo o prazer ao consumir álcool, semelhante ao que acontece com a comida”, explica Alessandra.

A semaglutida está sendo associada também como um potencial redutor de comportamentos relacionados à dependência em geral, como drogas e nicotina. “Existem outros estudos expondo que moléculas agonistas do GLP-1 (estudo fase 2) promovem uma redução do consumo, suprimindo a motivação e a vontade”, aponta a especialista.

Ozempic e Wegovy no Brasil 

O uso da semaglutida no Brasil tem ganhado destaque como um tratamento eficaz para perda de peso. Este medicamento, inicialmente desenvolvido para o controle glicêmico, age estimulando a secreção de insulina e reduzindo a produção de glucagon, ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue. Com a evolução de estudos, foi comprovado que o medicamento também contribui para a perda de peso, mesmo em indivíduos sem o diabetes. “Este efeito se dá, também, devido à ação do medicamento no centro de saciedade do cérebro, o que reduz o apetite e a ingestão calórica”, esclarece a endocrinologista.

No Brasil, esta aplicação tem atraído a atenção de pacientes e profissionais de saúde, que buscam alternativas eficazes e seguras para o tratamento da obesidade, um problema crescente no país. De acordo com estudo recente, apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade 2024 (ICO), até 2044, cerca de 48% dos brasileiros terão obesidade e mais de 27% irão ter sobrepeso.

“O futuro da semaglutida aqui no Brasil, que recebe os nomes comerciais de Ozempic (para diabetes tipo 2) e Wegovy (para obesidade), parece promissor, mas exige um equilíbrio entre inovação, acesso e segurança. A popularização do medicamento como auxiliar na perda de peso deve ser acompanhada de estudos rigorosos e políticas públicas que garantam seu uso responsável, além de supervisão médica para maximizar seus benefícios e minimizar riscos”, finaliza Alessandra Rascovski.

*Informações Assessoria de Imprensa