Estudo aponta que mortalidade por Covid-19 pode estar ligada com dificuldade no acesso a hospitais

Um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que a dificuldade de acesso a hospitais, especialmente na periferia dos centros humanos, foi um dos motivos pela mortalidade por Covid-19 verificada em 2020.

Conforme o levantamento, 26% da população hospitalizada precisou sair do seu município de residência para receber atendimento e a mortalidade foi maior no grupo que precisou fazer o deslocamento (38%), na comparação com aqueles que foram atendidos nas cidades onde moravam (34%). Os especialistas deduzem que a mortalidade pode estar relacionada à disponibilidade de recursos médicos e hospitalares.

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Há diferenças também entre as regiões brasileiras. No Norte e Nordeste, a taxa de letalidade chegou a quase 50%, enquanto no Sudeste o índice foi de 54%, o que pode reforçar a hipótese sobre estrutura e acesso ao sistema de saúde, incluindo menor qualidade de leito disponível, o que obriga um deslocamento para um atendimento.

2021: casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

O último boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado em 4 de junho, mostra um cenário preocupante, com crescimento, retomada no aumento ou estabilização em níveis ainda muito elevados dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e Covid-19. Os dados são referentes a 23 a 29 de maio. Apenas Roraima apresentou sinal de queda. 

O estudo anterior apontava que cinco estados ainda apresentavam sinal de queda. O novo boletim destaca que Amazonas, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul registraram aumento no número de macrorregiões de saúde com sinal do crescimento de SRAG em relação à semana passada.

“Diante desse novo quadro, agora temos os estados do Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins com ao menos metade das macrorregiões correspondentes apresentando sinal de crescimento”, explica o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Ao todo, 22 estados possuem ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento.

Capitais

Quatorze das 27 capitais apresentam sinal de crescimento até a SE 21: Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Salvador (BA) e São Paulo (SP) apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo; e Fortaleza (CE) apresenta sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo. Apenas quatro capitais registraram indícios de queda na tendência de longo prazo: Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ).

Assim como alertado para alguns estados, o Boletim mostra que oito capitais apresentam sinal de interrupção da tendência de queda ou manutenção de platô em valores ainda elevados. É o caso de Aracaju (SE), Belém (PA), Florianópolis (SC), Macapá (AP), plano piloto de Brasília e arredores (DF), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Teresina (PI).

“Diante do atual contexto, recomendamos cautela em relação às medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para redução da transmissão da Covid-19, enquanto a tendência de queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos, bem como a necessidade de reavaliação das flexibilizações já implementadas nos estados”, alerta Gomes.

O pesquisador observou ainda que a interrupção da queda e a retomada do crescimento podem ser atribuídas em parte à retomada da circulação da população e, consequente, à maior exposição por conta das medidas de relaxamento.

* Com informações do portal Metrópoles e Agência Fiocruz

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