As altas temperaturas registradas no verão são um convite para a ingestão mais frequente de pratos frios, bebidas geladas e, principalmente, sorvetes. Contudo, a alternância entre esses alimentos gelados e quentes pode provocar reações incômodas na saúde bucal, sentidas especialmente por pessoas que têm hipersensibilidade nos dentes.
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Driblar a sensação desagradável que ocorre nessas circunstâncias pode não ser tão simples, isso porque as causas da hipersensibilidade dentária podem ter origens diversas, como explica o Cirurgião-Dentista e membro da Câmara Técnica de Dentística do CROSP, Nívio Fernandes Dias. “Estamos passando por um momento em que as pessoas estão sofrendo o que chamamos de síndrome do envelhecimento precoce da boca. Essa síndrome acontece por questões comportamentais”.
O especialista explica que condições como boca seca, uso de antidepressivos (o que diminui a saliva), bruxismo (condição que range e causa desgaste nos dentes), o refluxo gastroesofágico e o estresse são fatores que fazem com que a boca envelheça precocemente. Um dos sintomas que evidenciam o envelhecimento da boca, causado por alguns desses motivos, é a hipersensibilidade dentária.
Nívio relata que a sensação provocada pela hipersensibilidade dentária não era comum há alguns anos, pelo fato de que as pessoas simplesmente permaneciam menos tempo com os dentes na boca.
Por isso, segundo ele, a hipersensibilidade dos dentes ainda é um tema que exige maior atenção dos Cirurgiões-Dentistas. “O problema é que se trata de um quadro relativamente novo, típico da vida moderna. Imagine que uma pessoa fitness, de manhã ingere um suco de limão, depois vai para a academia e toma um complemento vitamínico que tem pH ácido também e depois, para manter-se acordado, toma um energético. Tudo isso contribui para que, na hora de tomar um chopp no happy hour, o dente doa”.
O Cirurgião-Dentista e membro da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP, Marcos Molarino, explica que o uso de dentifrício (cremes e géis dentais) composto por diferentes substâncias químicas para facilitar a remoção ou desorganização da placa e possibilitar a administração de fluoreto à superfície dos dentes, e também dos dessensibilizantes dentários (produtos que agem na diminuição da sensibilidade dentária), ajudam muito nesses casos, quando usados diariamente.
O uso correto e contínuo do fio dental, segundo Marcos, também é aliado no combate à hipersensibilidade, pois impede as inflamações gengivais. “Em casos de gengivite recorrentes pode haver a perda óssea em torno das raízes, o que pode aumentar o risco de sensibilidade térmica”.
O especialista esclarece, ainda, que em casos de perda óssea, fazer a cobertura da dentina exposta pode ser uma alternativa, assim como o uso dos dessensibilizantes clínicos aplicados pelo Cirurgião-Dentista. “Cada caso tem que ser avaliado. Dependendo, é importante também manter um constante retorno (a cada 3 até 6 meses de intervalo) ao Cirurgião-Dentista para profilaxia. Em algumas situações, até mesmo uma cirurgia de reposicionamento gengival pode ser empregada”.
Quando se trata do uso de dentifrícios dessensibilizantes, Nívio tem uma posição cautelosa. “Qualquer questão de sensibilidade dental não pode ser considerada um fator normal. Todo paciente que tem hipersensibilidade, que é o termo adequado, precisa ter a causa investigada e tratada”.
O Cirurgião-Dentista diz que existem diversas marcas de cremes dentais disponíveis no mercado e que contêm vários produtos dessensibilizantes em suas composições, contudo, ele contraindica o uso deles para dentes sensíveis enquanto não houver um diagnóstico para saber o motivo pelo qual o dente está doendo, pois o uso prematuro irá mascarar o problema.
“Se eu tomar um chopp ou um sorvete, sentir dor e usar um creme dental para dentes sensíveis, é claro que em alguns dias eu não vou ter mais a sensibilidade. É como se eu tivesse uma dor de cabeça e tomasse um analgésico e a dor de cabeça passa sem eu saber o motivo pelo qual ela existe, ou seja, é um tratamento paliativo”.
Muitas vezes, os cremes dentais para dentes sensíveis surtem efeitos por um tempo e pode haver uma melhora, explica Nívio. “Isso acontece porque a dor pode estar relacionada à anatomia do dente, à escovação traumática ou ao uso de cremes dentais clareadores que, na verdade, não têm clareador, são apenas mais abrasivos em função do RDA mais alto (RDA é índice que mede o quão abrasivo é o creme dental). O uso desse produto somado à fricção das escovas irá remover o esmalte e expor a dentina, vai retrair a gengiva e provocar hipersensibilidade, ou seja, são vários fatores que levam à dor no momento de tomar um sorvete”.
Vale lembrar que os cremes dentais disponíveis no mercado possuem um RDA entre 50 a 250. Os profissionais destacam que higiene bucal e as consultas periódicas ao Cirurgião-Dentista são fundamentais para manutenção da saúde e prevenção de doenças bucais.
*Informações Assessoria de Imprensa