Especialistas criam mês de conscientização sobre a saúde mental das mães

A saúde mental das mães foi um tema que ganhou impulso na pandemia, apesar de sempre ter sido importante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão pós-parto atinge de 12 a 20% das mulheres. O quadro mais leve e transitório de depressão, conhecido como “blues puerperal”, chega a acometer cerca de 50% a 80% das mulheres após o parto. No cenário de pandemia em que o mundo está vivendo, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, as mais afetadas emocionalmente neste último ano foram as mulheres, respondendo por 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.

“A precarização da vida como um todo, visível nas triplas jornadas de trabalho, desemprego, informalidade, insegurança social, bem como acompanhar de perto o desenvolvimento escolar dos filhos e preocupação com a saúde da família, transformam-se em gatilhos para desencadear transtornos mentais nas mulheres”, afirma a psiquiatra especialista em psiquiatria perinatal, Patrícia Piper.

Foi pensando em levantar a bandeira em prol da saúde mental das mães que a especialista, junto com a psicanalista, Nicole Cristino, também especialista em psicologia perinatal, criaram o Maio Furta-Cor – um mês para conscientizar a população e incentivar que essas mulheres busquem ajuda. “Furta-cor é a cor da maternidade, cuja tonalidade se altera conforme a luz que recebe. Maternidade tem cores: preta, branca, amarela e indígena. As cores da maternidade não se anulam, não são iguais nem formam uma cor só. Suas cores são suas diferenças, na igualdade do direito de ser mãe”, alerta.

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“Maternidade precisa de luz, apoio e cuidado, olhar engajado de todos para existir. Sem manuais, sem regulamentos. Levantar a bandeira de uma maternidade furta-cor, livre de tabus e silenciamentos, é promover saúde mental”, complementa a psiquiatra.

“Escolas fechadas, isolamento, reduções salariais, pouca ou nenhuma rede de apoio, conflitos conjugais, violência doméstica, tudo isso tem gerado exaustão, solidão, invisibilidade, desqualificação e culpa, que vêm se expressando diariamente no interior de muitos lares sob a forma de quadros graves de depressão, ansiedade, e até infelizmente, suicídio”, alerta Nicole Cristino. “Queremos levantar a bandeira para que a sociedade pare de cobrar tanto as mães e as ofereça ajuda”, reforça a psicanalista.

Durante todo o mês serão realizadas palestras, caminhadas e bate-papos gratuitos para a população. A programação completa com mais informações de como aderir à campanha e quem já faz parte do movimento, está no site: www.maiofurtacor.com.br.

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