
Antes mesmo do fim deste primeiro trimestre, o país já enfrenta um aumento expressivo nos casos de arboviroses. O Ministério da Saúde do Brasil registrou, até 8 de março deste ano, 572.641 casos prováveis de dengue, além de milhares de ocorrências de chikungunya, zika e oropouche. Embora não seja uma novidade para os brasileiros, a situação continua impactando não só o sistema de saúde, mas também a economia e a vida das pessoas de maneira significativa.
Entre as principais causas para a multiplicação exacerbada de insetos transmissores está o descarte inadequado de resíduos sólidos. Pneus velhos, garrafas plásticas, copos e potes de vidro, latas, caixas de leite, embalagens descartáveis e entulhos abandonados — entre muitos outros recipientes — acumulam água da chuva e se tornam criadouros do Aedes aegypti, por exemplo. Para o embaixador e coordenador do Movimento Circular, Professor Edson Grandisoli, outros fatores também contribuem.
“Altas temperaturas, chuva abundante e resíduos mal destinados formam a combinação ideal para a proliferação de vetores de doenças. As epidemias de arboviroses surgem nesse cenário, prejudicando a vida de milhares de pessoas, afetando o sistema de saúde e a economia. Prevenir ainda é o melhor remédio”, explica.
Mas o que são as arboviroses? De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, são doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. Os sintomas variam desde uma febre leve até complicações graves, podendo, em casos mais severos, levar à morte. Algumas das mais conhecidas são a dengue, chikungunya, zika, febre amarela e febre oropouche.
Os insetos transmissores, chamados de vetores, se tornam portadores dos vírus ao picar uma pessoa doente e, na sequência, passam o vírus para outras pessoas durante suas picadas, fechando o ciclo. Mas afinal, de que forma a Economia Circular entraria nessa pauta?
De forma prática, portanto, a Economia Circular colabora com a saúde da população a partir de ações como:
- Reciclagem e reaproveitamento de pneus – Pneus descartados de forma incorreta são um dos principais criadouros do Aedes aegypti. Programas de coleta seletiva e reciclagem reduzem o descarte incorreto desse produto, e ainda possibilitam sua transformação em asfalto ecológico, pisos e até móveis.
- Gestão eficiente dos resíduos urbanos – A união de coleta seletiva e descarte correto reduz o número de criadouros de mosquitos. Além disso, projetos de logística reversa incentivam empresas a recolher embalagens e produtos pós-consumo.
- Educação ambiental – Comunidades que se responsabilizam pelos seus resíduos também ajudam a eliminar potenciais criadouros e promovem uma cultura de responsabilidade coletiva na gestão de resíduos.
- Saneamento básico – Redes de esgoto e fornecimento regular de água potável, em conjunto com gestão de resíduos, ajudam a reduzir a proliferação do Aedes aegypti. Sistemas de drenagem eficientes evitam o acúmulo de água, enquanto o manejo adequado dos resíduos elimina potenciais criadouros do mosquito.
O ponto é que essas e outras ações devem ser coordenadas, e envolver a todos os sujeitos sociais. “A gestão adequada de resíduos, em especial sua destinação correta, é fundamental para reduzir o número de criadouros dos vetores. Isso envolve não apenas garantir a estrutura mínima para retirada e destinação para reciclagem, por exemplo, mas também mudanças de comportamentos com relação ao descarte da própria população. Ou seja, para controlar epidemias, é sempre fundamental ações conjuntas e, nesse caso, que dialoguem diretamente com as ideias da Economia Circular”, diz o professor Edson.
Vale lembrar
Além dessas medidas, é importante ressaltar outra ferramenta potente na prevenção de algumas arboviroses: a vacinação. A febre amarela, por exemplo, pode ser evitada com uma única dose da vacina, disponível gratuitamente nos postos de saúde de todo o Brasil. Desde 2017, essa única dose já é suficiente para proteção ao longo da vida.
A dengue também possui uma vacina que é oferecida pelo Sistema Único de Saúde para adolescentes de 10 a 14 anos em duas doses. No entanto, a adesão ainda é baixa: em 2024, o Ministério da Saúde distribuiu 6,5 milhões de doses, mas apenas 3,3 milhões foram aplicadas, e muitos adolescentes não completaram o esquema vacinal, comprometendo a imunização. Vacinar-se é um ato de proteção coletiva. Procure um posto de saúde da sua cidade e atualize sua imunização.
*Informações Assessoria de Imprensa