A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF) e a Academia Brasileira de Rinologia (ABR) apresentaram o novo consenso sobre rinossinusites, um grupo de doenças respiratórias conhecido pela população como sinusite. Disponível online pelo portal da ABORL-CCF (link), a obra representa a segunda versão do documento lançado em 2015 e atualiza diretrizes médicas baseadas em evidências científicas e experiências clínicas.
“O consenso traz refinamentos diagnósticos e terapêuticos que promovem um manejo mais racional, preciso e seguro dos pacientes, alinhado às melhores práticas internacionais. O material elenca inovações em relação a tratamentos, dando destaque, por exemplo, ao uso prudente de medicamentos, redução de intervenções desnecessárias e personalização do cuidado, com foco em qualidade de vida e prevenção de complicações”, explica o presidente da ABORL-CCF, Fabrizio Romano.
A rinossinusite é caracterizada pelo processo inflamatório nos seios paranasais e apresenta sintomas como obstrução nasal, nariz escorrendo, dor ou pressão na face e redução ou perda do olfato. Conforme a Organização Mundial de Saúde, está entre as enfermidades respiratórias mais comuns, afetando mais de 30% da população mundial (fonte Atlas Global da Rinite Crônica aqui).
O problema é classificado pelos médicos em três tipos: Rinossinusite Aguda (RSA), um processo inflamatório nos seios paranasais com sintomas que duram até 12 semanas; Rinossinusite Crônica (RSC) com sinais por mais de 12 semanas; e Rinossinusite Aguda Bacteriana (RSAB), quadro menos comum, caracterizado por manifestações intensas ou piora após cinco dias de melhora inicial, ou manutenção dos sintomas por mais de 10 dias.
Entre as novidades que o documento traz, está a introdução do termo Rinossinusite Aguda Viral Prolongada (RSAVP) para casos em que sintomas virais ultrapassam 10 dias, mas com evolução lenta e sem piora significativa. Isso reforça que a maioria desses casos permanece de origem viral, evitando o uso desnecessário de antibióticos.
O consenso também enfatiza sobre critérios mais refinados para diagnóstico de Rinossinusite Aguda Bacteriana, como a presença de sintomas intensos ou dupla piora (melhora seguida de agravamento) e uso de biomarcadores (PCR e VHS, que são exames de sangue que indicam inflamação no corpo) em casos duvidosos, onde a causa da sinusite não é clara.
Outra atualização no material corresponde aos tratamentos. Os especialistas recomendam o uso racional de antibióticos e sinalizam que apenas uma pequena proporção de pacientes com RSAB se beneficia de antibióticos. A nova orientação diante de quadros leves a moderados é a espera cuidadosa e o adiamento da prescrição do antibiótico para reduzir o uso desnecessário desse fármaco.
O papel das lavagens nasais com solução salina em dispositivos de alto volume, também foi reafirmado como uma prática capaz de aliviar os sintomas e desconfortos leves da sinusite.
“Temos uma preocupação de que o paciente entenda como fazer corretamente a procedimento, como limpar os recipientes, cuidar da posição da cabeça, a forma e a pressão da lavagem com a solução salina para não termos complicações”, esclarece o presidente da ABR, Otávio Piltcher.
O consenso Rinossinusites: Evidências e Experiências – 2024 contou com a coordenação da professora doutora Wilma Terezinha Anselmo e autoria de 30 experientes especialistas da Rinologia da ABORL-CCF, atuantes na área acadêmica da Otorrinolaringologia de diversos estados do Brasil. O material também teve o apoio da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
*Informações Assessoria de Imprensa