Anualmente, em 5 de maio, celebramos duas datas muito importantes: o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos e o Dia Mundial de Higienização das Mãos. Neste tempo de pandemia, a data ganha um significado ainda maior em 2021. As comemorações abrem a oportunidade para discutirmos dois temas que tanto confundem o brasileiro no contexto da pandemia: “tratamento preventivo” e tratamento precoce para a Covid-19.
Muita gente confunde os dois temas, diz a médica infectologista Juliana Barreto Cypreste, profissional que atende no Órion Complex, em Goiânia (GO). Ela alerta que o “tratamento preventivo” – termo popularmente usado para a prevenção ou profilaxia – consiste no uso de remédios sem estar contaminado com o vírus. Normalmente é feito sem acompanhamento médico e tem gerado preocupação entre os especialistas da área.
Leia também – Quanto tempo dura a proteção da vacina contra Covid-19?
Leia também – Qual é o tamanho do risco de trombose com a vacina contra Covid-19?
“As únicas prevenções que existem são a higienização das mãos, uso de máscaras, distanciamento e vacina”, diz. Enquanto isso, de acordo com ela, há pacientes que estão se automedicando, sem nem ter a doença da Covid-19, com base em divulgações não comprovadas que circulam na internet. “Não existem medicamentos que evitam o contágio da doença”, orienta.
Ela informa que já é perceptível o aumento no número de casos de pacientes com problemas causados ou agravados pelo uso indiscriminado de medicamentos. “Eu tenho recebido muitos pacientes com efeitos adversos de automedicação, com arritmia, insuficiência hepática e comprometimento renal, entre outros”, frisa a médica infectologista.
Tratamento precoce
Quando o paciente de fato sofre o contágio da doença da Covid-19, aí sim, entra o tratamento precoce. Porém, mais uma vez, ela adverte para a importância de se ir ao médico para que ele defina qual será a melhor medicação para o paciente. “O único profissional apto a prescrever um remédio é o médico, porque ele vai realizar uma anamnese, que é um levantamento do histórico do paciente, e a partir disso vai conseguir identificar as possíveis contraindicações, indicações ou solicitar exames complementares se necessário. Se a pessoa faz automedicação, nada disso é levado em consideração, e o paciente pode acabar usando um remédio que, na verdade, vai prejudicá-lo”, alerta a profissional.
Juliana Barreto Cypreste lembra também que a automedicação e o uso indiscriminado de remédios são preocupantes não apenas no contexto da pandemia do novo coronavírus, mas em qualquer situação envolvendo a saúde dos pacientes. A utilização sem acompanhamento profissional pode gerar intoxicação medicamentosa e efeitos adversos no organismo, que em casos mais graves pode até mesmo levar ao óbito.
Leia também – Saiba quais são as comorbidades para a vacinação contra Covid-19