Entenda o papel da fonoaudiologia nos hospitais de transição

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(Foto: tirachard / Freepik)

Conhecida por sua atuação em voz e fala, a fonoaudiologia não se restringe a isso. É a ciência que cuida de todos os processos de comunicação humana e do seu desenvolvimento, da sucção do leite materno à deglutição na melhor idade.

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Trata-se, portanto, de uma profissão da área da saúde que pesquisa, previne, avalia e trata as alterações da voz, fala, linguagem, deglutição audição e aprendizagem.

São 14 as áreas de atuação dentro dessa especialidade: audiologia, linguagem, motricidade orofacial, saúde coletiva, voz, fonoaudiologia educacional, gerontologia, fonoaudiologia neurofuncional, fonoaudiologia do trabalho, neuropsicologia, fluência, perícia fonoaudiológica, disfagia e fonoaudiologia hospitalar.

Mas qual é o seu papel nas unidades de transição? De que maneira esse profissional colabora nas equipes multidisciplinares?

Relembrando o conceito de hospital de transição 

Antes de falar sobre o importante papel da fonoaudiologia em hospitais e clínicas de transição, vale a pena esclarecer do que se trata o modelo. Certamente tudo passará a fazer mais sentido.

Quando definimos o que é o hospital de transição, devemos sempre pensar em uma espécie de ponte entre o hospital e a casa do paciente. Sua função é proporcionar um cuidado de qualidade, recorrendo a todos os recursos necessários.

O modelo de transição trabalha com reavaliações recorrentes do paciente, revisão do curso clínico e definição de um plano de tratamento limitado por tempo, até que a condição clínica seja estabilizada, ou um resultado seja atingido.

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Dentro desse contexto, a multidisciplinaridade desempenha um papel crucial em hospitais e clínicas de transição. Os pacientes e as pessoas que utilizam esses serviços normalmente demandam cuidados mais complexos, que exigem a existência de uma equipe interdisciplinar coordenada e treinada para o manejo dessas situações.

Essas necessidades podem envolver aspectos médicos, psicológicos, sociais, funcionais e até espirituais. Ter uma equipe de profissionais de diferentes disciplinas trabalhando juntos permite uma abordagem abrangente e holística para o cuidado do paciente.

Desta forma, além da participação ativa da família, são diversos os especialistas envolvidos. E aí entra o profissional de fonoaudiologia. Ele atua com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.

Trazendo a fonoaudiologia para o contexto de hospitais e clínicas de transição

Como dito anteriormente, o fonoaudiólogo especialista em disfagia atua com pacientes com dificuldades de deglutição. Essa especialidade, inclusive, tem participação crucial no ambiente hospitalar, seja em instituições generalistas, seja em instituições de transição.

Em um hospital geral, o fonoaudiólogo pode atuar desde a emergência até a UTI com pacientes entubados, em uso de sonda nasoenteral ou gastrostomia. É o profissional responsável por avaliar a dinâmica da deglutição assim como reabilitar ou readequar essa função.

Além disso, junto com a equipe médica e nutrição, participa da indicação de uma via alternativa de alimentação nos casos em que o paciente não é mais capaz de alimentar-se seguramente por via oral. Quando trazemos para o conceito de hospital de transição, a atuação do Fonoaudiólogo é mais abrangente. Segundo a fonoaudióloga Fatima Lago, que atua na Placi  – Cuidados Extensivos, instituição associada da Abrahct, trata-se de um modelo relativamente novo e diferente que exige que o profissional conheça melhor a biografia do paciente assim como seus valores e de sua família e cuidadores. .

Além da reabilitação mais intensa que no hospital geral, o hospital de transição também atua de uma forma mais individualizada, especialmente com pacientes em cuidados paliativos. Ela ressalta que, embora exista a visão de que cuidado paliativo significa finitude, existem várias histórias de alta hospitalar com a família alinhada e bem treinada nos cuidados. Sua função vai além, atuando na reabilitação e readequação.

Aprofundando na atuação do profissional de fonoaudiologia no hospital de transição

É sabido que a incapacidade de comer pode fazer com que o indivíduo se isole socialmente e, dentre outras consequências, cause desnutrição e desidratação.

Assim, o objetivo da fonoterapia é possibilitar que o paciente possa recuperar a sua função de deglutição ou, quando não é possível, readequá-lo de forma segura a uma nova realidade. Essa readequação também inclui família e cuidadores que são treinados pelo fonoaudiólogo, desde a admissão hospitalar, quanto a forma correta e segura da oferta da alimentação, minimizando dessa forma os riscos de uma readmissão hospitalar por broncoaspiração.

“Essa é a principal diferença da nossa atuação no hospital de transição com relação ao hospital geral: treinamos os cuidadores, sejam eles formais ou não. Já na admissão, identificamos a rede de apoio, e quem é o cuidador de referência. Ensinamos sobre a mudança de consistência alimentar, quando a pessoa não pode mais mastigar pedaços; o uso correto do  espessante, entre outras estratégias”, explica.

Fátima destaca ainda que parar de comer é uma realidade para alguns pacientes. Nesse momento, o profissional de fonoaudiologia é fundamental. Apesar de comer ser um valor importante para o ser humano, para muitos pacientes torna-se um ato doloroso. “Ele pode, por consequência de determinadas patologias, recusar o alimento. Para a família entender isso é muito sofrido. Nosso trabalho, desta forma, é educativo,  orientando  que não está sendo feito nenhum malefício ao paciente. Compartilhamos as condutas com a família em conferências para que se sintam mais seguros. Por tudo isso, a qualidade do cuidado é o guia da equipe assistencial dentro do hospital de transição”, explica.

Quem são os pacientes que precisam de fonoterapia

São muitas as situações, em um hospital de transição, em que os pacientes são indicados para a fonoterapia. Pacientes pós traumas de face e crânio; neurológicos; oncológicos e idosos. O hospital de transição tem o papel fundamental de minimizar as chances de reinternação e se faz com treino de cuidadores e transparência.

“Tudo que é entendido é menos sofrido e, normalmente, no cenário tradicional de saúde é tudo muito imposto e pouco explicado. Na transição, esclarecemos desde o motivo pelo qual não se pode comer pedaços, até porque o suplemento e o espessante são importantes. Todos absorvem e sentem-se parte desse processo, então, quando a pessoa chega em casa, continua mantendo os cuidados aprendidos conosco e é menos provável que ele vá para o hospital”, finaliza.

*Informações Assessoria de Imprensa

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