Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, a comunidade médica e científica vem alertando sobre a importância de se manter a rotina de consultas, exames e acompanhamento médico, especialmente entre pessoas com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Uma pesquisa recente feita pelo Departamento de Ensino e Pesquisa do Hospital Angelina Caron (HAC), na Região Metropolitana de Curitiba, revela que 50% dos pacientes com comorbidades não mantiveram seus tratamentos médicos durante a pandemia. Os dados evidenciam a quantidade de doentes crônicos que deixaram tratamento durante a pandemia.
“Fizemos um questionário com pacientes que tomaram as duas doses da vacina contra a Covid-19 e que utilizam exclusivamente o Sistema Único de Saúde, a maioria de baixa renda e com pouca escolaridade (até o ensino fundamental). 75% deles não tiveram Covid-19, mas dos 25% que desenvolveram a doença, 54,5% possuíam como comorbidade principal a hipertensão. A pesquisa mensurou ainda que 30% deles fizeram uso incorreto de medicação contra hipertensão (ou deixaram de tomar a medicação) durante a pandemia”, explica o médico Dalton Precoma, chefe da cardiologia do HAC e diretor do Departamento de Ensino e Pesquisa.
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O médico destaca ainda que o brasileiro, em geral, sofre com comorbidades. Mas, com a pandemia, a maioria abandonou tratamento, consulta e medicamentos. “Com as consequências de aumento de peso, alimentação irregular e aumento da ansiedade, aumentaram os fatores de risco, trazendo-os de volta ao hospital com problemas prévios e novos. Outras comorbidades presentes na amostragem incluem infarto, acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial, taquicardias. Apenas 10% não possuem comorbidades”, esclarece.
Como os doentes crônicos deixaram tratamento durante a pandemia, isto trará impactos. Segundo Precoma, a falta de acompanhamento durante quase dois anos ainda vai ter reflexos por um tempo, mas a maioria pode ser remediada. “Para isso, é preciso consciência e retomar os check ups médicos regulares, e o atendimento médico quando sentir algum sintoma recente”, afirma.
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