Força, coragem e valentia são estereótipos atribuídos ao sexo masculino, mas num mundo cada vez mais plural e inclusivo, alguns rótulos estão sendo revistos e ressignificados. Isso quer dizer que o homem forte, corajoso e valente pode e deve ser cuidadoso. E tudo isso começa com a atenção à própria saúde. O fato é que ainda hoje, 30% dos homens e não tem o hábito de ir ao médico regularmente e 70% deles só procuram atendimento médico por insistência ou direcionamento das mulheres. Não é à toa que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens vivem 7,1 anos a menos que as mulheres. Por isso, o dia 15 de julho vem sendo celebrado como o Dia do Homem e tem, entre seus objetivos, conscientizar esse público sobre a importância do autocuidado.
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Existem motivos “evitáveis” para o homem viver menos, mas entre os principais estão a maior exposição a alguns fatores de risco e a menor aderência aos exames preventivos. Tabagismo, etilismo, falta de prática de atividade física e obesidade estão entre esses fatores. David Pinheiro Cunha, oncologista do Grupo SOnHe, de Campinas (SP),destaca, ainda, a baixa frequência com que o homem cuida da saúde. “Esta conjunção está diretamente relacionada ao risco de desenvolver diversas doenças nos homens, com maior destaque para o câncer”, alerta o oncologista.
De acordo com o Ministério da Saúde, três em cada dez homens não têm o hábito de ir ao médico. Dados da pesquisa realizada do Centro de Referência em Saúde do Homem mostram que mais da metade dos pacientes do sexo masculino só procura atendimento médico em casos de problemas de saúde avançados. E isso, infelizmente, resulta em um tratamento com mais dificuldades, mais longo e, dependendo da doença, com menores chances de cura, como no caso do câncer.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os cinco principais tipos de tumor em homens são o de próstata, de cólon e reto, da traqueia, brônquio e/ou pulmão, de estômago e da cavidade oral. Interessante é que todos esses cânceres poderiam ser evitados com medidas de prevenção e poderiam ter um tratamento muito mais rápido e fácil se tivessem diagnóstico precoce.
No Brasil, cerca de 225 mil homens são diagnosticados com câncer todos os anos, de acordo com o INCA. Este número ainda não considera o câncer de pele, que é o mais recorrente no país. Isabela Cunha, também oncologista do Grupo SOnHe explica que a saúde masculina ainda é um tabu para muitos homens. “Quando o assunto é câncer, então, os mitos e preconceitos ficam mais evidentes. Por isso, é fundamental a divulgação de informações, para conscientização e prevenção dos tipos de câncer mais incidentes em homens”, explica a oncologista.
– Próstata: O câncer da próstata é a neoplasia mais frequente, atingindo cerca de 65 mil homens a cada ano, especialmente após os 50 anos. Ele é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células nesta glândula. Esse tipo da doença tem desenvolvimento lento e, normalmente, assintomático. Os principais sinais de alerta para o câncer de próstata estão ligados às alterações no fluxo urinário (dificuldade ou frequência) e dores na região pélvica, costas e costelas. No entanto, eles costumam aparecer já em um estado mais avançado do tumor. Por isso, é fundamental manter a regularidade dos exames preventivos.
– Cólon e reto: Tanto o câncer de cólon quanto o retal têm origens bastante parecidas. Por isso, costumam ser chamados de câncer colorretal. Ele se inicia no revestimento do cólon ou do reto e pode estar relacionado a presença anterior de alguma patologia na região. Porém, estudos indicam que a dieta rica em gordura, carne e alimentos processados e pobre em fibras são o fator mais importante no surgimento deste tipo de câncer. Entre os principais sintomas, podemos destacar sangue nas fezes, alteração do trânsito intestinal e na forma das fezes, perda de peso repentina, sensação de fraqueza e dor abdominal.
– Pulmão: A cada 100 novos casos de câncer entre homens brasileiros, cerca de 8 são no sistema respiratório. Entre os sintomas dos cânceres no sistema respiratório estão tosse, chiado e ruído ao respirar, falta de ar, infecções de repetição das vias aéreas superiores, tosse com sangue e, em estágio avançado, dificuldade em engolir, rouquidão, fadiga e perda de peso. Contudo, os locais mais comuns de câncer nas vias aéreas são o pulmão e os brônquios. Esse tipo da doença é dividido em dois grandes grupos: as pequenas células e os não pequenas células. Esse último, é subdivido em adenocarcinoma, carcinoma escamoso e carcinoma de grandes células. Eles geralmente têm como sintoma tosse, podendo estar acompanhada de escarro com sangue e falta de ar. Esse tipo de câncer é diretamente relacionado com o tabagismo.
– Estômago: Também conhecido como câncer gástrico, esse tipo de doença se desenvolve lentamente, a partir de alterações no revestimento interno do estômago. Dependendo de onde ele começa a se desenvolver, o câncer pode ter resultados diferentes. O mais comum é o adenocarcinoma, que totaliza quase 95% dos casos da doença nessa região. Ele se origina na mucosa estomacal, que é a camada mais interna do órgão. Apesar de raramente apresentar sintomas na fase inicial, o câncer de estômago pode causar falta de apetite, perda de peso, azia, náuseas ou indigestão, vômitos e distensão abdominal.
– Cavidade oral: Este tipo de câncer é detectado em aproximadamente 11,2 mil homens brasileiros todos os anos. Ele é caracterizado pelo desenvolvimento de células tumorais nos lábios, gengivas, bochechas, céu da boca, bordas e embaixo da língua. As estatísticas do INCA mostram que ele é mais comum em homens a partir dos 40 anos e está intimamente ligado ao tabagismo e ao consumo de bebidas alcoólicas. Para a detecção precoce, é fundamental estar alerta a sinais como feridas sem cicatrização na boca ou nos lábios, manchas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas, além de nódulos no pescoço e rouquidão persistente.
Ainda que o fator genético possa influenciar o surgimento dos diversos tipos de câncer em homens, a grande maioria dos casos da doença está relacionada aos fatores externos, que podem ser controlados ao se adotar hábitos mais saudáveis no dia a dia:
*Informações Assessoria de Imprensa