No Brasil, segundo dados da Demografia Médica divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2024, existem 575.930 médicos, sendo 49,92% (287.457) mulheres. Entre as especializações com maior representatividade feminina estão a Dermatologia, com 77,9%, seguida pela Pediatria, com 75,6%. Na sequência, Alergia e Imunologia e Endocrinologia e Metabologia, ambas com 72,1%. Ginecologia e Obstetrícia, Geriatria, Hematologia e Hemoterapia e Genética Médica têm, pelo menos, 60% de representatividade das mulheres.
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Para celebrar a presença e as conquistas do sexo feminino na medicina, no próximo dia 3 de fevereiro é comemorado o Dia da Mulher Médica, data em homenagem à Elizabeth Blackwell (1821-1910), que foi a primeira mulher médica nos Estados Unidos e em todo o mundo. Dez universidades rejeitaram sua solicitação até ser admitida no Geneva Medical College, em Nova Iorque, onde recebeu o diploma em janeiro de 1849.
Já no Brasil, a primeira médica foi Maria Augusta Generoso Estrela, nascida no Rio de Janeiro, em 1860. Também encontrando dificuldade para cursar medicina no país, precisou ir para os Estados Unidos, onde concluiu o curso em 1879. Outra profissional de destaque foi Rita Lobato de Freitas, de São Pedro do Rio Grande (RS), a primeira médica a se formar em território brasileiro, em 1887.
“O número de mulheres ingressando nos cursos de medicina no Brasil aumenta cada vez mais e, daqui a alguns anos, certamente haverá mais médicas do que médicos. No entanto, um ponto que chama a atenção é a desigualdade em termos salariais. Mesmo com ajustes por especialidade e carga horária, as mulheres tendem a ganhar menos, e isso precisa ser revisto urgentemente”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Raul Canal.
Atenção
Pesquisa realizada em 2024 pela Afya, hub de educação em saúde e healthtechs do Brasil, mostra que 40% dos médicos brasileiros apresentam quadro de transtorno mental. O estudo também revela que esses profissionais são afetados por ansiedade, depressão e burnout. Segundo a pesquisa, duas em cada três pessoas afetadas são mulheres, além de elas serem maioria entre os médicos com problemas nos três quadros de transtornos mentais. Outro ponto destacado é que 33,5% dos profissionais responderam que são diagnosticados com ansiedade. A depressão está em segundo lugar, com 22,1%, e o burnout aparece com 6,7% dos casos.
Segundo o especialista em Direito Médico, jornadas de longas horas e condições de trabalho nem sempre favoráveis contribuem para esse esgotamento mental, além do fato de esses profissionais lidarem com diferentes problemas no dia a dia. “O paciente e seus familiares depositam a esperança de cura nas mãos dos médicos. Mas, infelizmente, nem sempre há o que se fazer e esse sentimento de ‘incapacidade’ também afeta o emocional do profissional, especialmente das mulheres, que atuam sobrecarregadas”, diz.
Médicas também são vítimas de violência no local de trabalho. Um levantamento realizado pelo CFM mostra que entre 2013 e 2024 foram registrados 38 mil Boletins de Ocorrência (BOs) em todo o Brasil com relatos de médicos vítimas de ameaça, injúria, desacato, difamação e lesão corporal em hospitais, consultórios, clínicas, laboratórios, Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros locais. Em 47% dos casos, as vítimas são mulheres. Há, ainda, registros de mortes suspeitas desses profissionais durante o plantão.
Medidas
Desde 2018, o CFM realiza ações em seu site e redes sociais, orientando os médicos sobre como agir em casos de ameaças ou agressões, incentivando-os a denunciar os abusos. No caso de ameaça, o profissional deve fazer um BO, informar, por escrito, às diretorias clínica e técnica do local onde trabalha sobre o fato e apresentar os dados dos envolvidos e das testemunhas.
No caso de agressão física, o médico precisa ir à delegacia mais próxima e registrar o BO presencialmente, pois será necessário fazer o exame de corpo de delito, além de apresentar os dados dos envolvidos e das testemunhas e comunicar às diretorias para que outro profissional assuma suas funções.
Recentemente, a deputada federal Mayra Pinheiro (PL-CE) criou o Projeto de Lei n.o 4002/2024, que requer que todo tipo de violência física praticada contra médicos e profissionais de saúde seja considerado crime hediondo. Na legislação brasileira, esse termo jurídico é utilizado para designar crimes que, pela sua gravidade e natureza, causam grande repulsa social, como homicídio qualificado, latrocínio e tráfico de drogas.
*Informações Assessoria de Imprensa