Como deve ser o tratamento para a obesidade?

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Cada vez mais os especialistas deixam claro como deve ser o tratamento para a obesidade: o foco não pode ser apenas na perda de peso, e sim sobre o paciente de forma integral. Afinal, a obesidade também está ligada a aspectos emocionais. Saber como a pessoa está em uma doença crônica e como a saúde dela está se comportando neste processo passam a ter muito significado. 

A médica do Hospital INC, de Curitiba (PR), Jacy Maria Alves, especialista em Endocrinologia e Metabologia e Medicina Interna, Mestre em Medicina Interna e pesquisadora na área de Diabetes Mellitus e Obesidade, lembra que a obesidade surge por uma série de fatores. “É preciso ficar claro que ninguém tem obesidade por falta de força de vontade, muito menos por falha de caráter”, alerta. 

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Conforme parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), obesidade é o excesso de peso proveniente do acúmulo de gordura corporal, em uma situação que pode causar prejuízos à saúde. A obesidade pode aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, além da diabetes, câncer e outros problemas. A explicação para isto é o estado inflamatório constante que o excesso de gordura corporal provoca no organismo. 

Entre os motivos para a obesidade estão os fatores emocionais e os efeitos da sociedade moderna, com altos níveis de estresse, menos atividades físicas e mais ingestão de alimentos calóricos. “A obesidade tem vários fatores causais, que na maioria das vezes agem conjuntamente com pré-disposição genética, alimentação, medicamentos, além de motivos neuropsiquiátricos e comportamentais como o sedentarismo, por exemplo. Entre os fatores alimentares destacam-se maus hábitos com a ingestão de alimentos de alto teor calórico”, explica Marcelo Eduardo Sproesser, nutrólogo do Hospital HSANP, de São Paulo. 

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Se é uma doença crônica multifatorial, então como deve ser o tratamento para a obesidade? A resposta está em complexidade e envolvimento de especialistas de diferentes áreas. Mas, acima de tudo, devem ser profissionais que considerem o paciente de forma integral, avaliando aspectos emocionais e todas as comorbidades associadas – ou seja, os fatores de risco para outras doenças. E não apenas o foco na perda de peso em si. 

Marcelo Eduardo Sproesser salienta que a saída não são as “dietas milagrosas”. O tratamento para a obesidade deve ir além para evitar o ganho de peso. “Cabe ao médico avaliar todo o contexto clínico”, explica.

A médica endrocrinologista Jacy Maria Alves lembra que o paciente também tem um papel importante no contexto de como deve ser o tratamento para a obesidade. O tratamento é uma via de mão dupla. Com isso, o paciente precisa também estar disposto a mudar alguns hábitos, praticar atividades regulares e até mesmo aberto para o uso de medicamentos, mas quando necessários e sempre baseados em evidências. 

“Utilizo várias estratégias, sempre seguindo uma escuta atenta, trabalhando a motivação, consultas frequentes para acompanhar o resultado de perto. Importante realizar a avaliação da composição corporal através da bioimpedância e fazer o seguimento de longo prazo junto ao paciente, pois sabemos que mais importante que perder peso é a manutenção do peso perdido, seguindo um estilo de vida saudável, que inclui a saúde física, mental e espiritual”, explica a médica, acrescentando que o tratamento da obesidade não deve ser focado apenas sobre o peso que se perde, e sim sobre a saúde que se ganha. 

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Ainda não há dados oficiais sobre a obesidade no Brasil após o início da pandemia de Covid-19, mas os especialistas alertam como o ganho de peso foi um fenômeno em todo o mundo devido ao isolamento social, estresse, ansiedade e menos atividade física, entre outros motivos. Os últimos dados disponíveis são de 2019, que já mostravam a gravidade do cenário no país, motivo para refletir as causas e como deve ser o tratamento para a obesidade. 

Segundo dados da OMS, em 2019, uma em cada quatro pessoas de 18 anos ou mais no Brasil estava obesa, o equivalente a um total de 41 milhões de cidadãos. Já o excesso de peso atingia 60,3% da população de 18 anos ou mais de idade, o que corresponde a 96 milhões de pessoas, sendo 62,6% das mulheres e 57,5% dos homens. Já conforme o Ministério da Saúde, a obesidade teve um crescimento de 72% nos últimos 13 anos: de uma proporção na população de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. 

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