Em meio ao alto número de casos de câncer no Brasil – com estimativa de 483 mil novos casos para o triênio 2023-2025, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a busca por tratamentos eficazes vai além das terapias curativas, segundo especialistas. Os cuidados paliativos surgem como uma abordagem essencial para garantir qualidade de vida aos pacientes, aliviando sintomas, reduzindo o sofrimento e oferecendo suporte emocional desde o diagnóstico até as fases mais avançadas da doença.
No Brasil, cerca de 625 mil pessoas necessitam de cuidados paliativos, voltados para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com doenças graves, crônicas ou em fase terminal. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde, em 2024, durante lançamento da Política Nacional de Cuidados Paliativos no SUS, que prevê a implantação de 1,3 mil equipes em todo o país.
De acordo com o oncologista e médico paliativista, Munir Murad, também coordenador da unidade da Versania Brasil, clínica especializada em cuidados paliativos e reabilitação em Belo Horizonte, os cuidados paliativos promovem um tratamento humanizado, respeitando as necessidades individuais e auxiliando também os familiares no enfrentamento da jornada oncológica.
Murad ressalta que esse tipo de cuidado deve ser integrado ao longo de todo o percurso da doença, desde o diagnóstico até as fases mais avançadas, independentemente do estágio ou da intenção curativa do tratamento.
O principal objetivo dos cuidados paliativos é o alívio do sofrimento em todas as suas dimensões. Isso inclui o controle eficaz de sintomas físicos, como dor, fadiga, náuseas, falta de ar e outros desconfortos que frequentemente acompanham o câncer e seus tratamentos. “Ao mesmo tempo, os cuidados paliativos abordam as necessidades emocionais, psicológicas e espirituais, ajudando pacientes e famílias a lidar com o impacto emocional do diagnóstico, o medo do futuro e as mudanças significativas no estilo de vida”, ressalta o médico.
Outro aspecto fundamental é a comunicação clara e compassiva, que facilita a tomada de decisões compartilhadas entre pacientes, famílias e a equipe médica. “Os cuidados paliativos ajudam a esclarecer metas de tratamento, alinhar expectativas e respeitar as preferências individuais, garantindo que o paciente receba um cuidado centrado em seus valores e prioridades”, explica Murad.
Segundo o oncologista, os cuidados paliativos, quando integrados precocemente ao tratamento oncológico, não apenas melhoram a qualidade de vida, mas também podem aumentar a adesão ao tratamento e até prolongar a vida em alguns casos. “Ao focar no bem-estar global do paciente e no alívio do sofrimento, os cuidados paliativos reforçam a humanização do cuidado, colocando a pessoa e sua dignidade no centro da atenção médica”, destaca.