De acordo com o “4º Relatório Anual sobre o Estado Mental do Mundo” (4th Annual Mental State of the World Report), publicado em março de 2024 pela organização Sapien Labs, a saúde mental no Brasil não apresentou uma recuperação significativa no período pós-pandemia de COVID-19.
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Esse cenário coloca o país entre as nações mais impactadas por transtornos como ansiedade e depressão, trazendo a necessidade de um debate mais aprofundado sobre os impactos da saúde mental no ambiente de trabalho e a importância de políticas de apoio dentro das empresas.
O impacto direto na vida dos trabalhadores brasileiros
Dados do relatório mostram que o ambiente de trabalho contribui para o agravamento dos problemas de saúde mental entre os brasileiros.
A alta exigência por produtividade, o constante medo da perda do emprego e a falta de apoio psicológico criam um ambiente de esgotamento físico e mental.
Como resultado, trabalhadores sofrem com sintomas que variam desde a perda de concentração e insônia até sentimentos de desesperança e esgotamento emocional, afetando a qualidade de vida e o desempenho no trabalho.
Com um índice crescente de absenteísmo e presenteísmo – quando o trabalhador está fisicamente presente, mas com produtividade reduzida – os impactos são sentidos tanto no setor privado quanto no público, com prejuízos à economia e à produtividade.
Fatores de risco no ambiente de trabalho
O relatório também aponta que alguns dos principais fatores que agravam a saúde mental dos trabalhadores.
A pressão por resultados, que exige dedicação intensa e constante, limita o tempo de descanso e dificulta o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
No cenário atual, o aumento do trabalho remoto e a ausência de limites claros entre as esferas de vida intensificam esses desafios, levando muitos trabalhadores a um estado de constante alerta, incapazes de se desconectar das obrigações profissionais.
Outro ponto levantado é a falta de suporte emocional nas empresas. Muitos trabalhadores, ainda presos a estigmas relacionados à saúde mental, evitam buscar ajuda por medo de serem julgados.
Essa falta de diálogo sobre o tema e a ausência de políticas estruturadas de apoio psicológico aumentam o presenteísmo e o desgaste dos funcionários.
Além disso, o consumo frequente de alimentos ultraprocessados, comum entre trabalhadores que buscam opções rápidas e práticas, tem uma relação direta com a piora no bem-estar mental, contribuindo para sintomas de depressão e a dificuldade de controle emocional.
A urgência por políticas de apoio e conscientização
Diante de um quadro alarmante, especialistas alertam para a necessidade de mudanças no ambiente de trabalho.
Segundo a psicóloga Ana Café, idealizadora do ConstruirSer (Instituto voltado a garantir saúde mental para nas empresas e escolas) “Investir em políticas de saúde mental, como programas de apoio psicológico e incentivo a um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, é essencial para que os trabalhadores possam desempenhar suas funções de forma plena e saudável. Empresas que promovem um ambiente acolhedor e que buscam eliminar o estigma associado à saúde mental tendem a reduzir significativamente o absenteísmo e a aumentar a produtividade, gerando benefícios tanto para os colaboradores quanto para o próprio negócio”.
Entre os profissionais, cresce a preocupação de que a sociedade passe a encarar o esgotamento profissional como algo normal. “Sem uma abordagem cuidadosa e políticas eficazes de suporte, o país corre o risco de normalizar uma realidade onde o esgotamento mental é visto como parte do cotidiano profissional”. Afirma a psicóloga.
O bem-estar mental não é apenas uma questão de qualidade de vida para os indivíduos, mas também um pilar essencial para uma economia produtiva e sustentável.
É responsabilidade de empregadores, governos e sociedade civil adotar medidas que promovam um ambiente de trabalho mais humano e acolhedor, onde a saúde mental seja prioritária e os trabalhadores, valorizados e apoiados.
*Informações Assessoria de Imprensa