Hoje, quando pensamos em Inteligência Artificial, não estamos mais nos referindo a um mundo desconhecido, longínquo que assistimos nos filmes de ficção científica. A relação entre máquinas e humanos é cada vez mais próxima e o ser humano tem se inspirado nessas soluções para resolver problemas em diferentes setores. Um deles é o da saúde, que exerce impacto direto na rotina e qualidade de vida da população e que tem tido grande utilidade em tempos de pandemia.
Este ano tem sido completamente atípico para todos os setores, mas, a área da saúde sentiu bastante. Foi necessária uma adaptação rápida para atender às demandas crescentes. E a inteligência artificial colaborou para uma revolução nas experiências de pacientes, médicos e profissionais do setor, o que foi essencial em um momento de alta procura e muitas mudanças.
O mercado de saúde digital é promissor, o estudo do Zion Market Research, feito antes da pandemia, mostra que esse mercado movimentará US$ 423 bilhões, em todo o mundo, até 2022. É interessante ver que há empresas com diferentes perfis trabalhando com processamento de dados e inteligência artificial em saúde. Se olharmos para o ecossistema de saúde, vemos desde hospitais e tradicionais seguradoras da área, até empresas de tecnologia e as startups especializadas do setor. Em comum, elas trazem a lógica da indústria 4.0 para esse segmento.
Foi a tecnologia e a digitalização que agilizaram os processos de agendamentos, diagnósticos e previsão de doenças. E o mercado está em constante evolução, crescendo como nunca. Prova disso, é o aumento das healthtechs, as startups do setor. Segundo dados do HealthTech Report 2020, realizado pela consultoria Distrito, o número de empresas de saúde cresceu 118% no Brasil e passou de 248 para 542 no período de 2018 a 2020, e a pandemia ajudou a potencializar esse crescimento, já que as healthtechs têm atuado na luta contra a doença, com aplicações diretas e indiretas de combate ao vírus.
Mas, como a inteligência artificial está sendo aplicada na área da saúde? Sob o ponto de vista do consumidor final temos uma série de soluções que estão dando mais controle para os pacientes, para que eles possam monitorar melhor sua própria saúde. É o caso dos dispositivos que ajudam as pessoas a terem um acompanhamento de seus batimentos cardíacos, da quantidade de oxigênio circulando pelo corpo, entre outros. Na ponta de serviços, temos grandes empresas de tecnologias utilizando IA em parceria com startups e fornecedores de saúde, analisando dados, fornecendo consultas à distância com precisão em diagnósticos.
Existe ainda outro aspecto muito interessante que vai além da jornada do paciente e dos negócios desse mercado. Me refiro ao uso da inteligência artificial nas áreas operacionais e acadêmicas, com as pesquisas genéticas e os robôs cirurgiões capazes de analisar avaliações pré-operatórias, e orientar os movimentos do médico durante as cirurgias. Inclusive, essa solução pode diminuir em até 20% o tempo de internação de um paciente.
Uma das ambições dos cientistas é a criação de robôs autônomos, aptos a conduzir cirurgias sem a necessidade de comandos pré-definidos. É importante falar sobre como a inteligência artificial pode aumentar as chances de sucesso dos médicos, ainda mais em países emergentes como o Brasil onde a demanda para profissionais especializados é tão alta. Como percebemos, já percorremos um longo caminho, mas a estrada é ainda maior e o setor segue em busca de inovações que facilitem as vidas de todos os envolvidos: profissionais da área e pacientes. O futuro, finalmente, chegou para transformar.
Marcel Rosa é Head of Design e Sócio da Alana AI, startup especializada em inteligência artificial e no processamento de linguagem natural
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