O câncer de endométrio é o sexto câncer mais comum em mulheres no Brasil e no mundo, afetando milhares de pacientes a cada ano. Sua incidência teve um aumento expressivo nas últimas duas décadas. Considerando apenas os tumores ginecológicos, a doença fica atrás apenas do câncer de colo do útero. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que 7.840 brasileiras recebam o diagnóstico de câncer endometrial em 2024. De acordo com a Agência Internacional para pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), mais de 420 mil mulheres no mundo receberam o diagnóstico de câncer de endométrio em 2022 e, no mesmo ano, a doença resultou em 97 mil mortes.
Estão mais suscetíveis a desenvolver a doença as mulheres com mudanças no equilíbrio dos hormônios (estrogênio e progesterona) no corpo, menarca precoce (primeira menstruação antes dos doze anos), maior tempo de menstruação ao longo da vida, nunca ter estado grávida, ter recebido terapia hormonal com tamoxifeno para tratar câncer de mama ou estar enquadrada em uma síndrome hereditária que aumenta o risco de câncer (síndrome de Lynch) que aumenta o risco de câncer de cólon e outros tipos de câncer, incluindo câncer de endométrio. E, entre esses fatores, mais um se destaca, que é a obesidade.
De acordo com o National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos, o câncer de endométrio é de duas a quatro vezes mais provável em pessoas com obesidade ou sobrepeso. Já entre as mulheres com obesidade severa, a probabilidade de desenvolver um tumor no endométrio (corpo do útero) pode ser até sete vezes maior. “O principal fator de risco para desenvolver o câncer de endométrio é o desequilíbrio entre a exposição de estrógeno e progesterona no endométrio, ou seja, a exposição contínua do endométrio ao hormônio estrogênio sem oposição da progesterona. A obesidade é uma condição clínica que leva a esse aumento do estrógeno circulante, já que a gordura periférica é capaz de aumentar a produção desse hormônio, ”, exemplifica a oncologista clínica Aknar Calabrich, da Comissão de Ética do EVA e titular da DASA Oncologia.
Em 2023, a International Gynecologic Cancer Society (IGCS) declarou o mês de junho como o Mês de Conscientização do Câncer de Endométrio (câncer do corpo do útero) e agora, em 2024, pelo segundo ano consecutivo, ele se junta ao Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) para divulgar os avanços nas pesquisas e cuidados para todos os pacientes do mundo, além de falar sobre os fatores de risco e desafios desta doença, com o objetivo de transformar em uma campanha global. “Educar as mulheres sobre o câncer de endométrio não apenas promove a detecção precoce, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido, mas também capacita as mulheres a cuidarem melhor de sua saúde reprodutiva e geral”, afirma a oncologista clínica Andréa Guimarães, coordenadora de Advocacy do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e titular do A.C.Camargo Cancer Center.
O câncer de endométrio é caracterizado pelo crescimento anormal de células no revestimento interno do útero, conhecido como endométrio. Entre os sintomas mais comuns estão o sangramento vaginal anormal, dor pélvica, dor durante a relação sexual e alterações no ciclo menstrual. “O sangramento vaginal na pós menopausa é o principal sintoma da doença e ocorre na grande maioria das mulheres com câncer de endométrio, mesmo nos estágios iniciais. Nas pacientes pré menopausa, o sangramento ocorre entre os ciclos ou há uma mudança da quantidade e tempo da menstruação. Portanto, é fundamental que as mulheres estejam atentas a quaisquer mudanças em seu corpo e procurar regularmente seu ginecologista. Quando o câncer de endométrio é detectado precocemente, as chances de cura são altas”, comenta Aknar Calabrich.
Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de endométrio, incluindo obesidade, histórico familiar da doença, diabetes, terapia de reposição hormonal e idade avançada. Muitos desses fatores de risco estão associados ao estilo de vida, portanto a adoção de medidas preventivas, como manter um peso saudável, realizar atividade física e controlar a ingestão de açúcar podem desempenhar um papel crucial na redução do risco.
Além dos fatores citados acima, existem outras características que podem aumentar o risco de desenvolver a neoplasia:
O diagnóstico de condições relacionadas ao endométrio geralmente envolve o uso do ultrassom pélvico transvaginal, que é considerado a principal técnica de avaliação inicial. “Esse método, juntamente com exame físico e a consideração dos sintomas associados, compõe uma abordagem abrangente. Normalmente, durante a consulta ginecológica anual, o médico pode solicitar esses exames. Caso haja alguma anormalidade detectada, é recomendável encaminhar a paciente para avaliação adicional com um especialista”, acrescenta Calabrich.
Quanto aos tratamentos, as opções variam de acordo com o estágio da doença e a saúde geral de cada paciente, podendo incluir:
“O tratamento do câncer de endométrio é altamente individualizado e requer uma abordagem multidisciplinar. “É essencial que as pacientes tenham acesso a equipes médicas especializadas que possam oferecer o melhor plano de tratamento para sua situação específica”, finaliza Calabrich.
*Informações Assessoria de Imprensa