
Alunas do curso de Psicologia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio realizaram a 1ª Roda de Conversa – Perimenopausa, da dúvida ao autocuidado, com mulheres de diversas idades. O objetivo deste encontro foi conversar abertamente sobre o assunto e dividir suas histórias para que mais pessoas saibam sobre esse momento tão delicado da vida feminina.
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Participaram dessa roda calorosa 14 mulheres, além das cinco alunas do curso. Todas queriam muito dividir suas experiências. As estudantes observaram que o assunto ainda é pouco falado e que toda mulher deveria saber sobre o tema, pois o conhecimento auxilia na hora de procurar ajuda, além de permitir entender que está tudo dentro da normalidade do ciclo da vida de um corpo feminino.
“Vimos, entre elas, a falta de informação sobre até mesmo o que é perimenopausa. Nem todas sabiam que ela começa 10 anos antes da menopausa chegar, e isso impactou todas as participantes. Outro ponto, foi a questão dos médicos. Muitos ainda não associam a perimenopausa com sintomas de tristeza e já logo indicam um psiquiatra. Algumas falaram que se sentiram silenciadas neste momento, como se quase tudo fosse stress, ansiedade e depressão feminina”, disse a aluna Gabriela Bonder, do 3° período do curso de Psicologia.
Uma das participantes, Sonia Regina Soares da Costa Faria, afirmou que o tema da roda foi de extrema importância. “Houve empatia, escuta respeitosa e congruência. O tema foi direto, mas todas ficaram à vontade para falar. Vemos muita gente nas redes sociais que postam só a parte externa, mas temos que cuidar da parte interior para ter uma saúde perfeita. Esse é um tema que fala da mulher e que não tem sido colocado nas conversas. Precisamos trazer a consciência de todas as pessoas e profissionais de saúde. Que esse encontro seja o primeiro de muitos.”
O climatério é um período de várias alterações no corpo da mulher como fogachos (ondas de calor), secura vaginal, alterações da pele, irritabilidade, fadiga, depressão, problemas cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, dislipidemia, além de situações de estresse, como por exemplo ter de lidar com problemas de filhos, “síndrome do ninho vazio”, sensação de envelhecimento, problemas conjugais e profissionais.
Segundo o Doutor Luiz Antônio Sá, professor de Clínica Médica, Geriatria e Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), esse é um momento de profundas transformações na vida da mulher e que podem até causar alterações na memória. Muitas mulheres relatam lapsos de memória, dificuldade para realizar multitarefas e atenção diminuída. Estudos indicam que mais de 60% das mulheres nessa fase têm queixas relacionadas à cognição. A ciência ainda não explica totalmente as razões dessas alterações cognitivas, todavia, os sintomas coincidem com a deficiência de estrogênio, hormônio que desempenha função em circuitos cerebrais relacionados à memória e à atenção, e sua ausência pode aumentar o risco de doenças neurológicas cognitivas na mulher que está envelhecendo. “Com as orientações adequadas, o climatério pode ser enfrentado com serenidade e confiança, permitindo às mulheres viverem essa fase da vida com plenitude e bem-estar.”, afirma o doutor.
Ao final do evento, cada participante escreveu uma mensagem que foi sorteada entre elas, com o intuito de apoiar ou demonstrar que ninguém está passando por essa fase sozinha. A coordenadora adjunta do curso de Direito, Isabelli Gravatá, participou da roda de conversa e recebeu a seguinte mensagem: “Não é à toa que a peça mais forte do jogo é a dama! Você é essa peça, lembre-se disso!”. E ela comentou como foi essa troca de experiências. “A quebra de tabu, poder conversar sobre dúvidas, medos e incertezas foram fundamentais para nos assegurarmos que todas passaremos por essa fase da vida. Nossas mães pouco conversaram conosco sobre menstruação, quanto mais sobre menopausa. Hoje entendemos que o que falamos com nossas filhas, precisamos esclarecer e debater com nossas amigas. As informações que não tivemos serão as que levaremos para as próximas gerações. Medicina integrativa, reposição hormonal, calores, oscilação de humor, de hoje
em diante serão assuntos frequentes para mulheres que querem se entender melhor e adquirem qualidade física e emocional de vida”, disse.
A ação, além de ampliar o diálogo e aproximar as mulheres que estão nesta fase, faz parte dos projetos de extensão dedicados à comunidade. Todos os depoimentos serão colocados num relatório que será apresentado em sala de aula.
*Informações Assessoria de Imprensa