A cirurgia metabólica é reconhecida internacionalmente como uma potente ferramenta de tratamento do Diabetes Tipo 2 em pacientes com obesidade leve. Em novembro, o cirurgião bariátrico e metabólico Dr. Alcides Branco viajou até o Iraque para realizar a primeira cirurgia deste tipo naquele país.
“Dentro de nossas possibilidades de fazer procedimentos fora do Brasil, fomos até Arbil, a quarta maior cidade do Iraque, e realizamos a primeira cirurgia metabólica para tratamento do diabetes tipo 2”, comenta o cirurgião.
Segundo Branco, o paciente de 54 anos, que mora na capital Bagdá, apresentava Índice de Massa Corporal (IMC) de 32 kg/m², tinha diabetes tipo 2 e já tomava três medicações para tentar controlar a doença, mas sem sucesso. Pouco mais de 30 dias após o procedimento, ele já não toma mais medicamentos para o diabetes e apenas meia dose do remédio para controlar a hipertensão.
“Foi uma cirurgia tranquila e feita por via minimamente invasiva. Com a glicemia controlada, ele não precisa mais de medicamentos para o diabetes. O foco da cirurgia metabólica é a doença, mas ele também terá o benefício da perda de aproximadamente 20 a 25 quilos”, afirma Branco.
O procedimento foi acompanhado de colegas cirurgiões iraquianos, Dr. Majeed Mussi e Dr. Mohamed, que serão responsáveis por dar continuidade ao tratamento pós-operatório
Cirurgia metabólica no Brasil – A cirurgia para o diabetes foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017. O conceito surgiu da observação do controle do diabetes tipo 2 em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e já era reconhecida em outros países. A diferença entre as duas é que a cirurgia metabólica visa o controle da doença. Já a cirurgia bariátrica tem como objetivo a perda de peso, com as metas para contenção das doenças, como o diabetes e hipertensão, em segundo plano.
Na resolução, o CFM definiu critérios para indicação da cirurgia metabólica, entre eles a obesidade leve (IMC entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m²), diabetes diagnosticado há menos de 10 anos e sem controle através dos tratamentos convencionais e pacientes entre 30 e 70 anos de idade.
Apesar de regulamentada, o procedimento não está disponível na rede pública ou por planos de saúde. Uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) desenvolveu uma campanha e apresentou dados para apreciação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para inclusão da cirurgia metabólica no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde no ano passado. O parecer do órgão deve ser publicado em meados de março.