Um estudo publicado neste mês no JCO Global Oncology revela que a adoção da castração cirúrgica como tratamento padrão para o câncer de próstata avançado poderia gerar uma economia de US$662 milhões para o Sistema Público de Saúde Brasileiro ao longo de 11 anos. Pacientes com câncer de próstata, em sua grande maioria, são tratados com supressão da testosterona com medicamentos injetáveis que, por serem mais caros, inviabilizam investimentos em novas terapias, que poderiam trazer impacto bastante positivo para o tratamento da doença. O estudo mostra que o custo médio por paciente na chamada castração química é de US$2.698 contra US$213 na cirurgia.
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O estudo foi publicado na edição de novembro do JCO Global Oncology. André Sasse, oncologista clínico, CEO do Grupo SOnHe e um dos diretores da SBOC, participou da elaboração do artigo e explica que esse estudo reflete a necessidade da revisão das práticas adotadas hoje. “O Brasil tem avançado neste aspecto, estamos seguindo o exemplo da Inglaterra, que tem um sistema de saúde interessante, baseado firmemente em avaliações econômicas e com a limitação de acesso a medicamentos extremamente caros, que não entregam o que propõem. A economia, em casos como esse, é grande especialmente se tomarmos como base o resultado do estudo sobre o câncer de próstata. A cirurgia vem como uma alternativa mais econômica e tão eficiente quanto os medicamentos”, pontua Sasse. Além disso, ao liberar esses recursos potenciais, o SUS poderia direcionar investimentos para terapias inovadoras, como os inibidores de receptor de androgênio (ARPI), que têm demonstrado benefícios claros na sobrevida de pacientes. Essa alocação estratégica permitiria a incorporação de medicamentos de alto impacto clínico sem onerar ainda mais o sistema.
Economia é um tema fundamental na área da saúde e que cada vez mais vem norteando a atuação dos gestores no que diz respeito à reorganização dos investimentos. Ainda em novembro, no congresso brasileiro de oncologia clínico, da SBOC, o tema de abertura das sessões plenárias foi de economia em saúde, demonstrando a importância do assunto para os especialistas. Deixar de investir em medicamentos caros e pouco eficientes do ponto de vista social, porque geram muitos efeitos colaterais, sofrimento e oferecem baixa expectativa de vida, pode ser importante para direcionar o investimento para novas terapias, capazes de oferecerem mais qualidade de vida a tantos outros pacientes do Sistema Único e Saúde. “Essa distância entre público e privado precisa ser reduzida e só vamos alcançar esse objetivo revendo algumas práticas que adotamos hoje. Precisamos falar sobre isso com urgência”, reforça o oncologista.
André Sasse também defende a necessidade de ampliar a conversa sobre o tema, alcançando esferas maiores, como o Governo Federal. Segundo ele, o diálogo entre especialistas e governo é sempre necessário, para que os administradores se baseiem em opiniões técnicas e possam gerir de forma assertiva. “Precisamos estar mais atuantes junto ao Governo Federal, para que possamos oferecer suporte técnico ao Ministério da Saúde, à CONITEC e à ANS. Faltam especialistas nesses setores e falta diálogo”, alerta Sasse.
*Informações Assessoria de Imprensa